Obra do interceptor de esgotos do Rio Tinto antecipada três meses

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A comitiva que visitava a obra foi confrontada com uma descarga no rio Fernando Veludo/Lusa

A obra no interceptor de Rio Tinto, projecto partilhado pelo Porto e Gondomar e que custa 9,7 milhões de euros, vai ficar pronta em Maio, cerca de três meses antes do previsto, garantiram hoje os responsáveis locais. Em declarações aos jornalistas durante uma visita à empreitada com o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, o presidente da câmara de Gondomar, Marco Martins, ao lado do vereador do Ambiente da câmara do Porto, Filipe Araújo, avançou que a conclusão da obra foi "antecipada graças ao clima e meios envolvidos".

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A obra no interceptor de Rio Tinto, projecto partilhado pelo Porto e Gondomar e que custa 9,7 milhões de euros, vai ficar pronta em Maio, cerca de três meses antes do previsto, garantiram hoje os responsáveis locais. Em declarações aos jornalistas durante uma visita à empreitada com o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, o presidente da câmara de Gondomar, Marco Martins, ao lado do vereador do Ambiente da câmara do Porto, Filipe Araújo, avançou que a conclusão da obra foi "antecipada graças ao clima e meios envolvidos".

Em causa está a construção do interceptor de Rio Tinto, obra financiada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), que teve início em 2017 e tem um valor estimado de 9,7 milhões de euros, sendo apoiada pelo Fundo de Coesão em cerca de 7,9 milhões.

A empreitada inclui a colocação de um equipamento entre as estações de tratamento de águas residuais (ETAR) do Meiral, em Gondomar, e do Freixo, no Porto, bem como a construção de 6,5 quilómetros de passadiço para ligar o Parque Oriental, em Campanhã, ao novo Parque Urbano de Rio Tinto. Além do passadiço e da reabilitação do rio, quer ao nível hidráulico, quer de vegetação ao redor, a obra inclui pequenas zonas de fruição, como a praça que vai surgir na zona do Pêgo Negro, no Freixo, Porto, e melhoramento de acessos a habitações.

"Esta obra é muito importante numa tripla perspectiva. As descargas vão terminar e ficam resolvidas. Em segundo lugar aproveita-se esta intervenção para construir um passadiço e áreas de lazer ao lado de um rio de que tanto se fala e nunca se fala bem. E os melhores fiscais do que não pode acontecer são as pessoas", disse João Pedro Matos Fernandes.

Ao longo da caminhada de hoje ao longo da obra e junto ao rio, o ministro do Ambiente e restante comitiva foi confrontada com uma descarga que estava acontecer exactamente esta manhã e perto da zona urbana. "É para estas situações que serve esta obra", disse de imediato o governante, acrescentando que "a ETAR do Meiral sofre com maior concentração de água nesta altura do ano".

Questionado sobre de acredita que a partir do próximo ano vá ser possível incluir o rio Tinto na lista de rios com boa qualidade, João Pedro Matos Fernandes lembrou que além desta obra, há trabalho a fazer pelas autarquias locais, nomeadamente a de Gondomar. "Tenho a profunda convicção de que da ETAR do Meiral para jusante [os problemas] ficam completamente resolvidos. Da ETAR do Meiral para montante há ainda algumas ligações ilegais e ainda haverá investimentos a fazer na rede pública", disse o ministro.

Confrontado com a mesma pergunta, Marco Martins, admitiu que "existem ainda ligações abusivas no rio", disse estarem identificadas 38, mas classificou-as de "pontuais", garantido que "as pessoas estão a ser convidadas a resolver a situação voluntariamente antes de se avançar coercivamente". Paralelamente a estas declarações, elementos do Movimento em Defesa do Rio Tinto procuraram denunciar descargas no rio, desmentido que as situações sejam "pontuais" e remetendo "culpas" para a empresa Águas de Gondomar.

"Há um fenómeno forte de contaminação mesmo no centro da cidade. Não tem a ver com situações individuais e não é pontual. Os problemas são estruturais e existem agressões sistemáticas. Nada está a ser feito a montante desta obra. São esgotos domésticos que têm de ser tratados ou com estações elevatórias ou com emissários. A culpa é das Águas de Gondomar e a APA [Agência Portuguesa do Ambiente, a SEPNA [Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente], a câmara [de Gondomar] e a junta [de Rio Tinto] sabem disso porque o movimento já fez queixa em 2017", disse aos jornalistas Paulo Silva do Movimento em Defesa do Rio Tinto.

A agência Lusa pediu um esclarecimento à Águas de Gondomar, que ao final da tarde manifestou "disponibilidade" para promover "as ligações à rede pública" e actuar de forma "correctiva" nas "situações ilícitas ou indevidas que venham a ser detectadas e identificadas" no rio Tinto.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a Águas de Gondomar refere que "relativamente a todas as situações irregulares de que toma conhecimento, directamente ou através de denúncia, realiza acções de vistoria às redes prediais particulares, no âmbito estrito das suas competências, notificando os proprietários para que cumpram a obrigatoriedade de ligação à rede pública ou corrijam as deficiências detectadas, quando àquela já se encontram ligados".

Também o presidente da autarquia referiu ter a garantia de que "daqui a um ano o rio estará limpo. A Águas de Gondomar, se for esse o caso, terá de cumprir e resolver os problemas, mas do que estão agora a denunciar só tive conhecimento ontem [quinta-feira] e na próxima semana irei pessoalmente verificar".

Outra das novidades dadas na visita com o ministro do Ambiente prende-se com o corte de tráfego na ponte de Rio Tinto, entre São Caetano e São Roque da Lameira, infra-estrutura localizada num dos principais acessos do Porto a Gondomar, também será antecipado face aos cinco meses avançados recentemente.