Enfermeiros marcam greve nacional, mas nem todos os sindicatos estão de acordo

Bastonária dos enfermeiros diz ter "a certeza" de que haverá uma proposta para a carreira dos enfermeiros e que não será preciso fazer greve.

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Sindicatos reuniram esta quarta-feira na UGT, em Lisboa LUSA/Manuel Almeida

A próxima greve geral de enfermeiros está marcada para 20 e 21 de Setembro. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, cinco dias após o fim de outra greve geral — entre 13 e 17 de Agosto — convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros (SE) e pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE). Esta semana decorreram ainda paralisações em alguns hospitais, convocadas pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

O próximo protesto, a nível nacional, foi comunicado por quatro estruturas sindicais que se reuniram na UGT, em Lisboa: o SEP, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros Portugueses (Sindepor), a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e o Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (Seram).

Na conferência de imprensa que se sucedeu ao encontro, Carlos Ramalho, o presidente do Sindepor, salientou que “os enfermeiros estão unidos e isso é que é importante que fique claro”. Porém, ao PÚBLICO, José Azevedo, presidente do SE e porta-voz da Federação Nacional de Sindicatos de Enfermagem (Fense) — que o SE e o SIPE integram — declarou que estes dois sindicatos “não se vinculam à greve” agendada.

Quanto às razões para mais uma paralisação, Carlos Ramalho explicou que “o Governo disse que até 15 de Agosto faria uma proposta [sobre a carreira dos enfermeiros], mas não o fez, pelo que todas as lutas que virão no futuro têm a ver com isso”.

Aos jornalistas, Lúcia Leite, presidente da ASPE, detalhou ainda que há “um plano de greves até meados de Outubro”. Para acrescentar: “Estamos dispostos a decretá-las todas, ou a suspender caso o Governo responda entretanto.”

Entre as reivindicações dos enfermeiros estão aspectos como o aumento do salário mínimo destes profissionais para cerca de 1600 euros mensais; a não deterioração de salários; e a valorização do trabalho especializado.

Durante a tarde desta quarta-feira, quando os outros sindicatos anunciavam a próxima greve, o SE e o SIPE reuniam com os ministérios da Saúde e das Finanças para discutir o Acordo Colectivo de Trabalho (ACT) dos enfermeiros, fez saber José Azevedo. E apesar de nos dias que antecederam a reunião estes dois sindicatos terem afirmado que ponderavam novas formas de luta caso a reunião não corresse de feição, por agora, “não há protestos previstos”. “Deram-nos alguns comentários acerca desse documento [o ACT]. Agora vamos analisar e dia 5 voltamos cá”, explicou José Azevedo.

Segundo o protocolo negocial estabelecido entre os ministérios da Saúde e Finanças, a Fense e os representantes dos hospitais EPE (Entidades Públicas Empresariais), as reuniões para negociação do Acordo Colectivo de Trabalho dos enfermeiros devem decorrer duas vezes por mês, e deve chegar-se a um acordo em 180 dias.

Ao fim da tarde, os sindicatos reuniram-se com a bastonária da Ordem dos Enfermeiros. No final do encontro, Ana Rita Cavaco disse ter “a certeza” de que não será preciso convocar a greve para os dias anunciados.

“O senhor ministro irá apresentar uma proposta para a carreira dos enfermeiros tal como está prometido”, afirmou.

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