Presidente da Iniciativa Liberal demite-se por causa de página do Facebook

Miguel Ferreira da Silva defendia o fim da página do novo partido depois de se saber que era a mesma que servira de rampa de lançamento à candidatura de António Costa à liderança do PS. A sua comissão executiva decidiu o contrário.

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Histórico da página do partido no Facebook

O presidente do novíssimo partido Iniciativa Liberal (IL) demitiu-se esta quinta-feira, depois de a comissão executiva que dirigia ter decidido em sentido contrário àquilo que ele defendia. Em causa está a página do Facebook da IL que, na sua origem, começara por ser uma rampa de lançamento à candidatura de António Costa à liderança do PS, logo a seguir às eleições europeias de 2014. “Obviamente, demito-me. Liberdade implica responsabilidade”, escreve Miguel Ferreira da Silva na sua página pessoal.

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O presidente do novíssimo partido Iniciativa Liberal (IL) demitiu-se esta quinta-feira, depois de a comissão executiva que dirigia ter decidido em sentido contrário àquilo que ele defendia. Em causa está a página do Facebook da IL que, na sua origem, começara por ser uma rampa de lançamento à candidatura de António Costa à liderança do PS, logo a seguir às eleições europeias de 2014. “Obviamente, demito-me. Liberdade implica responsabilidade”, escreve Miguel Ferreira da Silva na sua página pessoal.

Esta é a história de um movimento que nasceu, cresceu e tem a sua primeira crise pública nas redes sociais. E basta percorrer o Facebook para a contar, até porque, agora, ninguém quer falar de viva voz. “Sim, num determinado tempo, aquando dos resultados das últimas europeias de 2014, achei que o António Costa podia ser alguém que desse um novo fôlego na política portuguesa. Rapidamente me desiludi”, escreve Alexandre Krauss, o fundador da página António Costa 2015 – Capacitar Portugal, que hoje é a página oficial do partido IL, de que é vice-presidente executivo.

A explicação de Krauss foi publicada no Facebook quase à mesma hora em que Miguel Ferreira da Silva anunciava a demissão da presidência do partido na sua página pessoal, onde explica o motivo desta decisão. “Ontem [quarta-feira], a Comissão Executiva da Iniciativa Liberal deliberou, por maioria, tomar uma posição sobre a origem da página de Facebook do partido - posição esta tornada, hoje, pública nessa mesma plataforma. Não me revejo nessa posição”, diz.

“Sou a favor do fim da página. Votei vencido pela convicção inabalável de que o liberalismo implica responsabilidade. Acreditando que não é possível apontar o caminho sem estar disponível a percorrê-lo, apresentei a minha demissão, por não me rever na posição aprovada pela direcção do partido”, acrescenta.

Um pouco antes, o partido publicava a posição da comissão executiva sobre a polémica que então já varria as redes sociais, precisamente sobre a transmutação da página. Ali anunciava que a decisão era manter aquela localização virtual enquanto preparava outra de raiz. E afirmava que a questão não era sequer nova para os membros do partido: “Quando, no final de 2016, os membros fundadores do que viria a ser a Associação Iniciativa Liberal tiveram conhecimento da origem da página, estiveram de acordo que essa era uma informação irrelevante na sua decisão de fazerem parte deste projecto, preferindo manter os contributos e ideias recebidas como Iniciativa Liberal.”

De resto, desvalorizam a origem da página: “Nunca procuramos ocultar essa origem, estando visível para quem a quiser consultar. Não são uns meses em 2014 que nos definem, mas o que fazemos desde 2016, mantendo igualmente presenças no Twitter e Instagram, onde somos dos partidos mais activos e inovadores.”

Miguel Ferreira da Silva tem outra posição: “Considero que a direcção da Iniciativa Liberal deveria aproveitar esta oportunidade para, sem quaisquer subterfúgios, assumir o erro e dar o exemplo de responsabilidade que sempre exigiu da restante classe política - ainda que a responsabilização se insira nas opções estratégicas anteriores à eleição desta comissão executiva.”

Pelo meio, a longa publicação de Alexandre Krauss fala de si próprio. Conta o seu percurso e termina assim: “Hoje e amanhã, na dianteira ou na retaguarda, continuarei sempre a trabalhar e a construir um Portugal mais Liberal." E assina como “vice-presidente executivo”, ou seja, aquele que irá substituir o presidente demissionário. Só não fala da decisão deste, que já conhecia.

Tudo começou dois dias depois das eleições europeias de 2014. A 27 de Maio, na ressaca dos resultados do PS que António Costa classificou de “poucochinho”, nascia no Facebook e no Twitter a página António Costa 2015 – Capacitar Portugal. Menos de 24 horas depois, o autarca de Lisboa anunciava a sua disponibilidade para liderar o PS.

Krauss, que tinha sido assessor de Jorge Lacão, Pedro Silva Pereira e do próprio primeiro-ministro no primeiro Governo de José Sócrates, já então afirmava que a criação da página tinha sido uma iniciativa pessoal. Também o gabinete do secretário-geral do PS repudia qualquer ligação à mesma: “Nunca foi uma página oficial de António Costa e nunca o PS teve qualquer tipo de participação nessa página”.