Depois de o Daesh lhe ter matado os filhos, uma avó resiste pelos 22 netos

“Quando os militantes do Daesh [Estado Islâmico] reivindicaram as nossas terras, destruíram-nos. Por Deus, os militantes humilharam-nos. Mataram os nossos filhos e não ficou nada”, disse al-Taee.

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Al-Taee cuida dos 22 netos, uma filha e duas noras viúvas Reuters/ARI JALAL
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Num apartamento apertado e contando com pouca ajuda estatalUma avó iraquiana, Sana Ibrahim al-Taee, tem como trabalho a tempo inteiro alimentar e vestir 22 netos, depois de o grupo jihadista Daesh ter matado os pais — os seus filhos.

Al-Taee e o marido, que tem Alzheimer, partilham o apartamento de quatro assoalhadas a Este de Mossul com as crianças, com idades entre os dois anos e os 16, a filha e duas noras viúvas. Renda, comida, roupas e despesas com educação dependem de doações e apoio de associações de ajuda humanitária.

Al-Taee espera a decisão do Governo, que irá dar pensões de 500 mil dinares (361 euros) por mês por todos os filhos de militares e polícias. “Espero que as autoridades dêem pensões e casa para estes órfãos, porque eu não vou viver 100 anos”, disse a mulher, 60 anos, à Reuters.

Al-Taee, que está doente e tem as cordas vocais paralisadas, conseguiu certificados de óbitos para os três filhos, mas diz que os outros dois foram enterrados em valas comuns, não identificadas, e que por isso não conseguiu encontrar os seus corpos.

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"Eu não vou viver 100 anos”, disse a mulher, 60 anos, à Reuters. REUTERS/Ari Jalal

Isso quer dizer que estão a ser classificados como desaparecidos em vez de mortos. Por isso, não tem certidões de óbito para eles e não se pode candidatar a pensões — um problema comum às famílias do Norte e Oeste do país, onde o Daesh controlou grandes porções do território em 2014.

Os jihadistas foram expulsos em Dezembro por tropas iraquianas, apoiadas pelos Estados Unidos, mas o Governo admitiu que ia precisar de mais de 100 mil milhões de dólares (quase 87 mil milhões de euros) para reconstruir as cidades como Mossul, com mesquitas, igrejas, mercados e outros pontos fulcrais deixados na ruína.

“Quando os militantes do Daesh reivindicaram as nossas terras, destruíram-nos. Os combatentes humilharam-nos. Mataram os nossos filhos e não ficou nada”, disse al-Taee.

As duas viúvas que vivem na casa apertada têm estado a trabalhar com organizações civis, mas abandonaram por não terem sido pagas. Agora estão à procura de trabalho.

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