Uma casa religiosa em Fátima com natureza e azul

Nuno Almendra
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Nuno Almendra

Foi por um projecto guardado na gaveta que Helena Botelho fez caminho até à Casa de Fátima. Era um convento desenhado de raiz para a congregação franciscana de Beja e teria sido o primeiro do século XXI em Portugal. Acabou por não se concretizar. Mas as irmãs da Congregação das Oblatas do Divino Coração memorizaram as suas linhas e quando decidiram recuperar a sua casa em Fátima — recentemente seleccionada na categoria "Interiorismo" dos Prémios FAD — foi a Helena Botelho que ligaram.

Cedida por uma família à Congregação nos anos 40, a casa estava degradada e revelou-se um desafio intenso para a arquitecta licenciada pela Universidade Lusíada de Lisboa. Após horas de conversas com as irmãs, foi definido, por exemplo, que todos os quartos deveriam ter casa de banho integrada, funcionando como células independentes e auto-suficientes. Antes disso, porém, foi preciso fazer alguma "limpeza" do espaço, retirando casas de banho que ocupavam boa parte do espaço exterior e tentando repor o desenho inicial, ainda que adaptado à modernidade. Esse pormenor de ser uma "casa contemporânea com respeito pela sua natureza" é algo que a define, aponta Helena Botelho. E isso foi feito em pequenos detalhes. Numa das primeiras visitas à casa de 288 metros quadrados, a arquitecta notou numa cor — uma espécie de azul prateado — dentro de uma gaveta. E decidiu recuperá-la, aplicando-a em algum mobiliário da casa, também por ela desenhado.

Situada numa encosta com vista para o Santuário de Fátima, a casa está organizada em três pisos. No rés-do-chão encontra-se a zona social com entrada, salas de estar e refeição, cozinha, escritório e capela. No piso -1, os quartos. O sótão não foi intervencionado. Em todo o projecto, Helena Botelho procurou intensificar a relação da casa com o exterior — vistas para o horizonte, horta e jardim — e aumentar a luz do edifício. No exterior, o alpendre tornou-se uma das zonas mais apetecíveis da casa. Para a capela foram desenhados alguns objectos como o altar e um banco — mas essa é uma segunda fase do projecto, a concretizar um dia destes. 

Nuno Almendra
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