Os MTV VMA falaram da imigração e Madonna, no tributo a Aretha, falou de si própria

Prémios votados pelo público dispersaram-se por Camila Cabello, Cardi B e Childish Gambino, mas as reacções estão a ir sobretudo para o tributo da rainha da pop à rainha da soul. Maior parte das grandes estrelas esteve ausente - Beyoncé, Drake ou Bruno Mars não foram a Nova Iorque.

Fotogaleria

Camila Cabello bateu os consagrados Beyoncé, Bruno Mars e Drake e levou para casa os dois principais prémios dos MTV Video Music Awards (VMAs) na segunda-feira (madrugada de terça-feira em Portugal). Cabello, de 21 anos, foi considerada a artista do ano e venceu o prémio vídeo do ano com Havana, enquanto nas categorias de melhor novo artista e canção do Verão pelo seu êxito de dança o prémio foi para a rapper Cardi B com I Like It, com J Balvin e Bad Bunny.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Camila Cabello bateu os consagrados Beyoncé, Bruno Mars e Drake e levou para casa os dois principais prémios dos MTV Video Music Awards (VMAs) na segunda-feira (madrugada de terça-feira em Portugal). Cabello, de 21 anos, foi considerada a artista do ano e venceu o prémio vídeo do ano com Havana, enquanto nas categorias de melhor novo artista e canção do Verão pelo seu êxito de dança o prémio foi para a rapper Cardi B com I Like It, com J Balvin e Bad Bunny.

"Não acredito que isto é para mim”, disse Cabello, que se separou do grupo feminino Fifth Harmony em 2016 para se lançar numa carreira a solo.

Cardi B, na sua primeira actuação desde que foi mãe, em Julho, recebeu um prémio logo no início da cerimónia por I Like It, com J Balvin e Bad Bunny. A cantora de 25 anos chegou à cerimónia, que atribui prémios votados pelo público, depois do seu grande ano em que cantou êxitos de empoderamento feminino como Bodak Yellow. Mas só recebeu um prémio. “Há uns meses as pessoas diziam que eu estava a dar cabo da minha carreira por ter um bebé”, disse Cardi B. “Eu tive o bebé… e ainda estou a ganhar prémios”.

O maior vencedor da noite foi Childish Gambino, nome de palco do actor Donald Glover, que recebeu três prémios pelo seu duro vídeo This Is America sobre a identidade negra e a violência policial, embora os prémios tenham sido nas categorias técnicas, como a coreografia ou realização. O vídeo ??APES**T  de Beyonce e Jay-Z, filmado no Louvre, recebeu apenas dois prémios das suas oito nomeações. O rapper canadiano Drake, um dos mais populares artistas nas vendas e no streaming, saiu de mãos vazias da cerimónia, bem como o vencedor dos últimos Grammys Bruno Mars. 

Nenhum deles esteve presente na cerimónia, que teve lugar em Nova Iorque e que contou com actuações de Ariana Grande, Nicki Minaj, Aerosmith, Shawn Mendes e Travis Scott. Ariana Grande, de 25 anos, venceu o prémio de melhor vídeo pop com No Tears Left to Cry.

Jennifer Lopez pôs a sala de pé com um medley dos seus grandes êxitos, que cantou e dançou, ao ser distinguida com o prémio anual Vanguard Award, baptizado com o nome de Michael Jackson, como reconhecimento pelos seus 20 anos de carreira. “Tem sido uma viagem incrível de sonhar os meus sonhos mais ousados, e depois vê-los realizar-se”, disse Lopez.

Um tributo auto-centrado?

Contudo, o tributo prometido a Aretha Franklin após a sua morte na semana passada aos 76 anos consistiu apenas num discurso de Madonna e num breve vídeo da carreira inicial da rainha da soul. Madonna enfureceu os fãs que sentiram que ela passou mais tempo a falar de si própria do que da rainha da soul.

O tributo na primeira reunião de músicos de topo desde a morte da cantora foi no final da cerimónia de quase três horas. No seu discurso de 10 minutos, Madonna recordou os seus dias de aspirante a cantora e bailarina e uma audição onde cantou uma versão a cappella de (You Make Me Feel Like) A Natural Woman. O que resultou num trabalho em Paris, mas Madonna recusou-o para regressar aos EUA para aprender a tocar guitarra.

“Nada disto teria acontecido sem a nossa senhora da soul”, disse Madonna. “Ela levou-me até onde estou hoje e sei que ela influenciou muita gente nesta sala. Quero agradecer a Aretha por nos empoderar a todos. R.E.S.P.E.C.T. Long live the queen."

Mas os espectadores criticaram Madonna e a MTV pelo seu discurso no Twitter, dizendo que foi auto-referencial e não se focou o suficiente em Franklin. "O tributo a Aretha Franklin é Madonna a falar de si mesma longamente?”, twittou o autor Michael Arceneaux.

Outros questionaram por que é que Madonna foi escolhida para fazer o tributo ao invés de artistas mais próximos dela. Na semana passada, a sua morte foi lembrada por pessoas como o Presidente Barack Obama, Elton John ou Carole King, Barbara Streisand e Lionel Richie.

“Para que fique registado, eu ADORO a Madonna. Sou um grande fã. Ela não devia estar sequer perto da Aretha. Ela devia ser adjacente a Aretha”, escreveu o comentador político e cultural Marc Lamont Hill. “Quem nos VMAs deixou Madonna subir ao palco e fazer um tributo a Aretha Franklin ou o que raio foi aquilo devia estar desempregado… agora”, twittou Alicia Garza, co-fundadora do movimento Black Lives Matter. Houve quem acusasse Madonna, que vestia um caftan negro e o cabelo entrançado, de apropriação cultural.

Imigração e Trump

No início dos VMA, a política rapidamente subiu ao palco com uma actuação que sublinhava as controversas políticas de imigração do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Dezenas de crianças imigrantes e as suas famílias, vestindo t-shirts que diziam "We are all human beings" [Somos todos seres humanos] juntaram-se ao rapper Logic para cantar a sua canção One Day. A música e o seu novo vídeo protestam contra a política de tolerância zero que motivou em Junho a separação de milhares de crianças imigrantes dos seus pais depois de atravessarem a fronteira com o México sem documentos. A National Domestic Workers Alliance [que representa os empregados domésticos nos EUA mas também actua como plataforma de activismo sobre temas como a imigração] disse em comunicado que ajudou, com dois outros grupos, a organizar a actuação.