Tubarão não come tudo tudo tudo

Podia ter sido um grande prazer culpado xunga. Em vez disso, é só um blockbuster mal feito, mal acabado e mal enjorcado — não é que seja mau, é que não é mau que chegue.

Fotogaleria
Não é que seja mau, é que não é mau que chegue
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria

Há muitas perguntas que podem ser feitas relativamente ao mistério da existência de um filme como Meg — à cabeça, evidentemente, “porquê?”. Não é como se a ideia de um super-tubarão à solta seja alguma coisa de novo, mas pronto; damos de barato que um filme sobre um tubarão-fóssil-gigante-que-se-pensou-estar-extinto-mas-afinal-sempre-existe é coisa que vai sempre atrair os executivos com cifrões nos olhos.

i-video

Resolvida essa questão, a pergunta que se impõe já não é “porque é que Meg existe” mas “porque é que Meg existe desta maneira”. É que, para um filme que andou 20 anos em desenvolvimento desde que os direitos do romance de Steve Alten primeiro foram comprados, e que parece ter custado uma pequena fortuna à Warner e à sua co-produtora chinesa (que ambos já estavam a dar por perdida antes do inesperado êxito de bilheteira), Meg nem como prazer culpado xunga resulta. O suposto orçamento milionário não se vê nunca no écrã, a coisa parece toda ter sido colada às três pancadas num fim-de-semana alcoolizado, os efeitos visuais parecem de segunda linha até mesmo para o tempo em que os efeitos visuais não eram o que são hoje. O tubarão comilão come muito menos e muito mais recatadamente do que estávamos à espera, os actores parecem todos estar em filmes diferentes e ninguém parece ter reparado que convinha pelo menos fingir na montagem que estavam todos no mesmo filme.

A sensação, em suma, é que às tantas todos os envolvidos se desinteressaram da coisa e lavaram as mãos como Pôncio Pilates —  nem mesmo Jason Statham, que costuma ser de confiança nestes papéis de durão, parece estar a fazer mais do que receber o cheque chorudo ao fim do mês.

O problema nem é que Meg seja mau, o problema é que não é mau que chegue para atingir aquele patamar do prazer culpado tão-mau-que-é-bom; é só mau do género “não conseguimos arranjar melhor, terão de se contentar com isto”. Temos pena.

Sugerir correcção
Comentar