A Sotheby’s vai leiloar obras de Rammellzee

O enigmático artista de graffiti que morreu em 2010 e fez carreira a remar contra a maré vai ser vendido pela casa de leilões britânica e Steve Lazarides, o galerista que já foi agente de Banksy.

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Nova Iorque recebe agora uma exposição dedicada ao artista Anadolu Agency/getty images

Antes de morrer em 2010, aos 49 anos, Rammellzee terá lançado uma maldição sobre toda a sua obra. É o que dizem aqueles que lhe eram mais próximos. Como tudo no artista multidisciplinar, graffiter, escultor e rapper, que passou uma boa parte da carreira em reclusão, a remar contra a maré e contra as instituições da arte, é impossível ter a certeza: nem o nome verdadeiro do artista se conhece. Parte dessa obra amaldiçoada, maioritariamente peças dos últimos 15 anos da carreira de Rammellzee, vai ser leiloada em Outubro.

Segundo o The Art Newspaper, é um leilão organizado pela Sotheby's, que cuida desde o ano passado do património do artista, e que terá lugar na Lazinc, a galeria londrina de Steve Lazarides, que foi agente de Banksy – outro enigmático artista de rua afro-futurista. O leilão traz com ele alguma polémica: especialistas na obra de Rammellzee alegam que, além da suposta maldição, o que vai ser vendido era para consumo próprio e não público, e que o artista, que se manteve em relativa reclusão nos últimos anos de vida, não veria com bons olhos a ligação à Sotheby's.

Nascido em Queens, Nova Iorque, Rammellzee – o seu nome, dizia, deriva de uma fórmula de uma equação – começou por pintar tags do seu nome em comboios e foi ascendendo na cena artística, ficando famoso pelos fatos e máscaras elaboradas que transformavam a sua mera presença numa performance. Ao longo dos anos, cruzou-se com pessoas como Jean-Michel Basquiat, que o pintou em Hollywood Africans, de 1983, e produziu e desenhou a capa de Beat Bop, o single de rap que o próprio Rammellzee interpretou em Wild Style, o filme de Charlie Ahearn de 1983. Também colaborou com a Supreme, a marca de roupa fundada pelo seu coleccionador James Jebbia. Para eles, pintou à mão peças raríssimas e hoje muito caras, como bonés e mochilas.

Neste momento, e até dia 26, há uma exposição na galeria Red Bull Arts, em Nova Iorque, onde metade das obras disponíveis foi precisamente emprestada pela Sotheby’s, que está a promover Rammellzee como um antecessor de Basquiat.

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