Quem namora online procura alguém melhor do que si

Os seres humanos tendem a encontrar o amor junto de pessoas parecidas com eles, mas um estudo nos EUA mostra que quando o romance se passa online o objectivo é chegar a parceiros 25% mais atraentes. É coerente com estudos biológicos.

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Mensagens enviam mensagens mais curtas e directas a quem acham mais atraente Raw Pixel/Unsplash

Há muito que os investigadores procuram uma explicação para a forma como os seres humanos lidam com o amor. De acordo com investigação científica recente, no mundo do romance online, os homens e as mulheres procuram parceiros com características que consideram melhores do que as suas – pelo menos, cerca de 25%. Isto pode incluir a formação académica, emprego, aparência física ou idade (os homens tendem a preferir parceiros mais novos, as mulheres pessoas mais maduras). 

Dois investigadores da Universidade de Michigan, EUA, passaram um mês a analisar milhares de mensagens em sites de namoro para chegar aos resultados. O objectivo era perceber se os seres humanos procuram pessoas parecidas consigo ou com caracteres mais desejáveis. “É comum ver parceiros de casamento que são semelhantes em termos de idade, educação, aparência física e atitudes”, lê-se na introdução. “Mas no outro extremo, e numa linha mais coerente com estudos biológicos, há a hipótese de competição, que assume que há um consenso humano sobre o que é um parceiro atraente, independentemente das características do próprio indivíduo.”

Historicamente, tem sido difícil explicar a forma como os seres humanos seleccionam os seus parceiros. “É difícil ver todas as pessoas que convidaram alguém para sair e receberam um ‘não’”, explicou a investigadora Elizabeth Bruch, na apresentação do estudo que foi publicado este mês pela revista científica Science Advances. “Os serviços de namoro online dão uma oportunidade única para observar propostas enviadas.” Nos EUA, estes sites já são a terceira forma mais comum para duas pessoas se conhecerem, depois de apresentações feitas por amigos e encontros em bares.

A equipa recorreu a dados anonimizados (separados de nomes e características que permitissem identificar os utilizadores) de quase 187 mil pessoas em quatro cidades – Nova Iorque, Boston, Chicago e Seattle. O “nível de atractividade” de cada utilizador foi avaliado numa escala de 1 a 10, consoante o número de mensagens novas que recebiam, que também foram avaliadas quanto ao vocabulário e dimensão. 

As mensagens enviadas por mulheres – que procuram pessoas com uma classificação cerca de 23% acima da sua – são maiores e incluem palavras mais positivas quanto maior o nível da pessoa que estão a contactar. Os homens – em busca de parceiros 26% mais atraentes – fazem o contrário. Quanto mais atraente o alvo, mais directa a mensagem. “Brincava com o meu colega ao dizer que os homens querem parecer despreocupados. Não querem ser entusiásticos quando falam com pessoas mais atraentes”, disse Bruch. A atractividade das mulheres começa a diminuir a partir dos 18 anos. Nos homens, o pico só chega aos 50.

“O nosso estudo mostra que as pessoas têm consciência da sua posição na hierarquia e adaptam o seu comportamento para chegar a parceiros mais desejáveis”, concluem os académicos. Obedece ao que a equipa chama “linguagem de competição”. Os autores argumentam, no entanto, que é mais fácil enviar mensagens a parceiros “mais desejáveis”  online porque, “quando há muito peixe no mar [sites de namoro], é possível aceitar mais rejeições”.

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