Em 2070, Portugal só terá 4,2 milhões de pessoas em idade activa

Projecções indicam que, no espaço de meio século, a população com idade para trabalhar em Portugal diminuirá 37%.

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Paulo Pimenta

Portugal é um dos país mais envelhecidos do mundo e um dos países da União Europeia em que os homens deixam o mercado de trabalho mais tarde. Como será no futuro? As projecções do recentemente divulgado Ageing  Report 2018, um relatório que a Comissão Europeia produz de três em três anos, não são animadoras no médio e longo prazo.

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Portugal é um dos país mais envelhecidos do mundo e um dos países da União Europeia em que os homens deixam o mercado de trabalho mais tarde. Como será no futuro? As projecções do recentemente divulgado Ageing  Report 2018, um relatório que a Comissão Europeia produz de três em três anos, não são animadoras no médio e longo prazo.

A trajectória do envelhecimento da população em Portugal vai continuar e será mesmo uma das mais acentuadas em comparação com a média esperada para os outros países da União Europeia. Até 2070, Portugal deverá perder 2,3 milhões de pessoas, mais de um quinto da população actual. Seremos, então, apenas 8 milhões.

Portugal já é hoje o segundo país mais envelhecido da União Europeia, a seguir à Alemanha, recorda Ricardo Pocinho, especialista em envelhecimento activo, que alerta para a necessidade de o país se preparar para esta transformação acelerada, com programas de educação para a saúde e para o envelhecimento, de maneira a evitar a evolução inexorável para “uma sociedade altamente dependente”.

Até 2070, ainda segundo o Ageing Report 2018, a população com 65 ou mais anos aumentará 27% e será três vezes superior aos jovens. No espaço de meio século, a população com idade para trabalhar (entre os 15 e os 64 anos, de acordo com a definição do Eurostat) sofrerá um recuo ainda superior, de mais de 37%. Em 2070 perspectiva-se que sejam apenas 4,2 milhões, quando actualmente são 6,7.

Quanto à idade de reforma, ao longo dos últimos anos esta tem vindo a aumentar em Portugal, ao ritmo de um mês em cada ano, indexada ao aumento da esperança de vida. É agora de 66 anos e quatro meses. Mas dados recentes da OCDE (que consideram o período entre 2011 e 2016) indicam que os homens portugueses deixam o mercado de trabalho mais tarde, aos 69 anos, representando este o sétimo valor mais alto no conjunto dos países da UE.

As mulheres portuguesas reformam-se mais cedo, em média antes dos 65 anos neste período. Seja como for, ainda segundo o Eurostat, Portugal está no topo da lista dos países da UE com a percentagem mais elevada de pessoas com 65 anos que ainda trabalham.