Ministro das Finanças turco promete combate à inflação

Berat Albayrak afirmou aos investidores que é preciso coordenação entre política monetária e orçamental.

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Albayrak colocou de parte qualquer acção de controlo de capitais EPA/SEDAT SUNA

O ministro das Finanças turco, Berat Albayrak, afirmou estar tarde aos investidores que o combate à inflação, actualmente na casa dos 15%, é uma das prioridades máximas do governo a que pertence.

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O ministro das Finanças turco, Berat Albayrak, afirmou estar tarde aos investidores que o combate à inflação, actualmente na casa dos 15%, é uma das prioridades máximas do governo a que pertence.

Numa conferência telefónica, aquele que é também o genro do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tentou passar uma mensagem que tranquilizasse os investidores internacionais, numa conjuntura de crise para o país cujo sintoma mais evidente é a queda da lira face ao dólar (a desvalorização já chegou aos 40%), e que já ameaçou contagiar outros países emergentes.

De acordo com a Reuters, Albayrak, que ocupa o cargo há cerca de um mês, prometeu um programa a médio prazo “credível” e “coerente” para resolver o problema da inflação, dizendo que irá voltar a ser de apenas um dígito “tão depressa quanto possível”.

O ministro sublinhou que essa estratégia implica uma coordenação entre política monetária e política orçamental, uma vez que apenas a primeira não é suficiente. Sobre este aspecto, Albayrak sublinhou que o Governo dará ao banco central o apoio que for necessário.

Diversos analistas têm alertado para a ausência de um movimento de subida das taxas por parte do banco central, o que pode indiciar falta de independência desta instituição – Erdogan é publicamente contra uma subida, tendo apelidado as taxas de juro “mãe e pai de todos os males”.

Aliás, o próprio Albayrak é visto com algumas reservas, precisamente por Erdogan ser o seu sogro, e a conferência de hoje, que decorreu ao início da tarde (hora de Lisboa), serviria também como uma espécie de teste.

Com 40 anos, Albayrak casou-se com a filha mais velha do presidente turco, Esra, em 2004. Depois de um MBA pela Universidade Pace, em Nova Iorque, trabalhou no grupo turco Calik (com investimentos em áreas como a energia e comunicação social), do qual foi presidente. Acabou por entrar na vida política activa em 2015, ano em que foi eleito para o Parlamento. Logo depois disso, passou a ministro da Energia, para acumular agora - e após o reforço de poderes de Erdogan — a pasta do Tesouro e Finanças (até aqui separadas).

Esta tarde, Albayrak colocou de parte qualquer acção de controlo de capitais, e afirmou que não será pedida ajuda ao FMI (algo que seria visto como um sinal de fraqueza).

Prometendo uma estratégia de controlo de custos, o ministro garantiu que os objectivos de disciplina orçamental vão ser atingidos por via da redução da despesa, e que quer alcançar uma subida do excedente primário (isto é, sem contabilizar o pagamento dos juros da dívida).

Sobre os bancos, disse que estes têm conseguido gerir a volatilidade dos últimos dias e que não se tem verificado uma fuga de depósitos.

Avançou ainda que estão a ser feitos testes de stress para analisar o problema dos crédito malparado, e que as empresas estão numa “posição confortável” para cumprir as suas responsabilidades no curto prazo. Este último aspecto é fundamental, já que muitas das empresas contraíram empréstimos em dólares e em euros, e desvalorização da lira torna o seu pagamento mais caro.

O ministro pronunciou-se ainda sobre o conflito comercial e diplomático que se verifica com os Estados Unidos, com subidas de taxas de ambos os lados, afirmando que o seu país está na mesma situação da China e da Alemanha. A Turquia, defendeu Albayrak, vai emergir “mais forte” da crise monetária.

Pelas 15h30, um dólar valia 5,7 liras, numa melhoria face aos últimos dias. No arranque desta segunda-feira, a moeda norte-americana chegou a valer 7,2 liras, quando no início do ano estava nas 3,7 liras.