Son Heung Min luta nos Jogos da Ásia por passar à reserva

Sul-coreano do Tottenham está obrigado a cumprir serviço militar... a não ser que ganhe a medalha de ouro na Indonésia.

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Reuters/Ian Walton

Quando aterrou na Indonésia, no início da semana, para participar nos Jogos da Ásia ao serviço da selecção sub-23 da Coreia do Sul, o reputado Son Heung-Min reconheceu que tem pensado muito no torneio. É natural. Neste caso, não é apenas a reputação do país, como uma das potências futebolísticas da região, que está em causa. É o futuro próximo do jogador, que é obrigado a colocar as coisas nestes moldes: se arrebatar a medalha de ouro, consegue contornar o serviço militar obrigatório e dar continuidade a uma carreira de sucesso.

Son Heung-Min é a mais destacada estrela do futebol sul-coreano da actualidade. Aos 26 anos, conta passagens bem sucedidas pela Alemanha (primeiro pelo Hamburgo e depois pelo Bayer Leverkusen), antes de se afirmar na liga mais mediática do planeta, ao serviço do Tottenham, clube ao qual chegou em 2015. Ao contrário do que sucedeu um ano antes em Leverkusen, quando foi impedido de participar nos Jogos da Ásia, a equipa técnica e a direcção dos londrinos decidiram libertar o extremo/avançado.

A Coreia do Sul estreou-se ontem no torneio de futebol, que conta com 25 países mas não é reconhecido pela FIFA, mas Son não saiu do banco na goleada sobre o Bahrein (6-0). Até porque tinha competido na jornada de arranque da Premier League, no fim-de-semana, e o adversário nesta partida inaugural disputada em Soreang estava longe de ser dos mais exigentes.

Este é um caso em que as vontades do staff da selecção e do jogador se fundiram. Para o seleccionador Kim Hag Bum, a possibilidade regulamentar de recrutar três jogadores acima dos 23 anos eleva o favoritismo da Coreia do Sul, o país mais titulado da competição (quatro triunfos, tantos quantos os do Irão); para o extremo, é uma segunda oportunidade para virar costas em definitivo ao serviço militar obrigatório. Isto porque caso os coreanos tivessem alcançado os oitavos-de-final no Mundial da Rússia, esse objectivo "intermédio" também teria sido alcançado.

"É evidente que a nossa ambição é a medalha de ouro, mas o caminho é longo até chegarmos à final. A forma como abordarmos os jogos do ponto de vista psicológico é muito importante", enquadrou, à chegada ao aeroporto internacional de Bandung. "Tenho pensado muito nos Jogos da Ásia", acrescentou, citado pelas agências.

De acordo com a lei coreana, os homens são obrigados a cumprir 21 meses de serviço militar antes de atingirem os 28 anos. No caso de Son Heung Min, que celebrou o 26.º aniversário em Julho, isto significa que, caso não lhe seja aplicado um regime de excepção, terá de se alistar até 2020. Ora, para um futebolista de alta competição a viver um dos melhores momentos da carreira (já soma 100 jogos na Premier League), este seria um revés significativo, especialmente depois de ter renovado recentemente por cinco temporadas com o Tottenham.

Até porque se para alguns dos internacionais coreanos ainda é possível manterem-se em competição mesmo já no período da recruta, representando o Sangju Sangmu, a equipa do exército, para Son essa virtualidade está posta de parte, já que nunca actuou na K-League 1, o principal campeonato doméstico. A revalidação do título nos Jogos da Ásia é, por isso, a última via para um jogador acostumado à titularidade passar em definitivo à reserva.

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