PT apresenta candidatura de Lula e promete cercar o tribunal eleitoral

Partido mobiliza-se para chamar a atenção para a situação do ex-Presidente, embora dificilmente a sua candidatura venha a ser aceite.

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Marcha em Brasília pela libertação de Lula Ueslei Marcelino/REUTERS

O Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro prevê registar esta quarta-feira a candidatura do ex-Presidente Lula da Silva às eleições de Outubro, com uma demonstração de força: promete cercar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, com militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Mais: embora seja praticamente impossível que o tribunal aceite a sua candidatura, por ser impossível de ser eleito, ao abrigo da lei da Ficha Limpa, aprovada durante os governos do próprio PT, o partido tenciona apresentar a candidatura do ex-Presidente sem fazer referência aos cerca de dez processos nos quais Lula está indiciado e ao caso do apartamento triplex, pelo qual foi condenado em Curitiba e está a cumprir pena desde Abril.

O princípio orientador, explica o jornal Estado de São Paulo, é que nenhum candidato é obrigado a entregar documentos que o prejudiquem, invalidando a sua candidatura. Como em nenhum destes casos o ex-Presidente foi condenado em segunda instância e os processos são acções cíveis e não criminais, caberá aos juízes do tribunal provar que Lula é "ficha suja".

O resto será pressão nas ruas. A Polícia Militar estima que 4000 pessoas vão participar na caminhada, e destacou 1200 agentes para a manifestação. É uma forma de chamar a atenção para a prisão de Lula da Silva, a cumprir uma pena de 12 anos e um mês de prisão em Curitiba por ter sido condenado por corrupção, no âmbito das investigações da Lava-Jato

plano B do PT é Fernando Haddad, que agora é candidato a vice, e fazer entrar na “chapa” Manuela D’Ávila, do Partido Comunista do Brasil, que seria a nova escolha para vice.

Até sexta-feira deve ser aberto o prazo de cinco dias para que o Ministério Público ou algum partido impugne candidatura do petista, explica o jornal Folha de São Paulo. Quando esse prazo terminar, entre os dias 22 e 23, o PT terá sete dias para contestar a impugnação. O partido pode pedir que sejam ouvidas testemunhas ou que o juiz responsável pelo caso analise provas da defesa.

O juiz relator poderá concluir a instrução do processo até ao final de Agosto, para que o caso vá a julgamento no plenário do Tribunal Superior Eleitoral em Setembro. Aí será decidido se Lula pode ou não candidatar-se. O prazo limite para uma decisão é 17 de Setembro.

A estratégia do PT é aumentar a pressão, não só no Brasil mas também a nível internacional, com manifestações em várias cidades europeias e nos Estados Unidos – há uma em Lisboa este sábado, na Praça Luís de Camões, às 19h – e nos media – o New York Times publicou um artigo assinado pelo próprio Lula da Silva na terça-feira defendendo a sua inocência.

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