Mais vermelho do que branco no derby “europeu” de Madrid

Atlético conquista a Supertaça Europeia, com um triunfo consumado no prolongamento. Real Madrid, versão Julen Lopetegui, entra com o pé esquerdo na nova época.

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O que estava em causa no relvado do A. Le Coq Arena, em Talin, era mais do que a Supertaça Europeia. Interessava, sobretudo, levantar a ponta do véu sobre um Real Madrid pós-Ronaldo, um Real Madrid versão Julen Lopetegui, um Real Madrid que se deu ao luxo de deixar Luka Modric no banco. E, diante de um rival recorrente, um Atlético Madrid de alto nível, os “merengues” ruíram (2-4) e viram o vizinho erguer o troféu pela terceira vez.

Antes do apito inicial, trocaram-se cumprimentos entre dois antigos guarda-redes: Lopetegui de um lado, Germán Burgos (adjunto do castigado Diego Simeone) do outro. Eram eles que iam puxar os cordelinhos quando o jogo não estivesse a correr de feição e o primeiro a ser obrigado a intervir foi o ex-seleccionador de Espanha. Logo no primeiro minuto de jogo, Diego Costa inventou o 0-1: recebeu de cabeça de costas para a baliza, ganhou o lance a Sergio Ramos, deixou Varane para trás e finalizou de ângulo apertado.

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Uma entrada em cena avassaladora que deixava o Atlético, uma equipa que tem sedimentado a sua fama de especialista em organização defensiva, confortável no jogo. Com duas novidades no “onze” — os reforços Lemar, um dos mais consistentes em campo, e o médio defensivo Rodri, ex-Villarreal —, os “colchoneros” dispunham-se em 4x4x2, juntando Antoine Griezmann e Diego Costa no último terço. Mas no primeiro tempo os alas foram forçados a serem praticamente segundos laterais.

Em 4x2x3x1, com Isco ao meio, Bale e Asensio nas alas, o Real Madrid precisou de uma arrancada individual do galês para criar desequilíbrios e chegou mesmo ao empate aos 27’, graças a um grande cruzamento da direita concluído da melhor forma por Benzema, de cabeça, ao segundo poste.

O encontro estava relançado e o campeão europeu aproveitou o momento para voltar a assustar, por Asensio, enquanto o Atlético pagava, no momento da organização ofensiva, a evidente falta de inspiração de Griezmann.

O avançado francês acabaria mesmo substituído (por Correa) aos 57’, no mesmo instante em que Luka Modric rendeu Asensio e seis minutos antes de Sergio Ramos ter operado a reviravolta no marcador, na marcação de uma grande penalidade que puniu mão na bola de Juanfran na grande área, após um canto.

O Atlético era forçado a reagir, mas o perfil laborioso dos seus médios era insuficiente para aspirar a algo mais do que uma transição ofensiva. Mexeu na equipa Burgos, trocando Rodri por Vitolo e assumindo um pouco mais de risco, que acabou por ser compensado aos 79’. Marcelo facilitou junto à linha lateral, ofereceu a bola a Juanfran e o lateral espanhol combinou com Correa. Depois, Diego Costa estava onde tinha de estar para bisar (2-2).

Lopetegui já tinha ajustado o sistema para um 4x4x2 (Bale juntou-se a Benzema) e as equipas encaixavam-se tacticamente, mas a capacidade de o Atlético pressionar em zonas mais adiantadas rendeu-lhe o terceiro golo. Varane facilitou na saída de bola, o ganês Thomas Partey (lançado aos 90’) ganhou a posse e assistiu Saul Ñíguez para um daqueles remates que só estão ao alcance de alguns (99’).

Apesar de toda a experiência europeia, desorientava-se o Real e os “colchoneros” sentiam que era o momento do golpe fatal. Bola em Diego Costa, enorme na dimensão física a aguentar o duelo, Vitolo a surgir na assistência e Koke, de primeira, na área, a materializar o 2-4. A assistir ao jogo na bancada, o guarda-redes Courtois (reforço do Real Madrid e antigo jogador do Atlético) via Keylor Navas gesticular, impotente.

Era o tempo de colocar os cadeados na porta e poucos o fazem tão bem como o Atlético, que procurou guardar a vantagem com o central Giménez a render Diego Costa (foi a quarta substituição, uma novidade em matéria de Supertaça Europeia). Mais intensos, mais altos, mais solidários, os “rojiblancos” viram o branco pálido do adversário (que interrompeu uma longa série vitoriosa de 13 finais internacionais) diluir-se na sua muralha colorida. Está servido o aperitivo para o que aí vem da Liga espanhola. E da Champions.

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