Novo mosquito invasor encontrado nas Astúrias não foi detectado em Portugal

Investigadora do Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge diz que, aparentemente, este mosquito tem pouca capacidade de transmissão de agentes infecciosos.

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No âmbito da actividade da Rede de Vigilância de Vectores, em 2017 foram feitas capturas em 216 concelhos de Portugal e vigiados cinco aeroportos, um aeródromo e 12 portos MÁRIO CRUZ/Lusa

Portugal não detectou a presença do mosquito da espécie invasora de origem asiática Aedes japonicus, encontrada recentemente em Espanha, disse nesta terça-feira a coordenadora da Rede de Vigilância de Vectores, referindo estar sempre atenta a novas espécies.

O Aedes japonicus "ainda não foi detectado em Portugal", avançou Maria João Alves à agência Lusa, depois de, a 1 de Agosto, responsáveis do programa Mosquito Alert, em Espanha, terem identificado, pela primeira vez, aquele mosquito, nas Astúrias.

"Depois da primeira identificação em França em 2000, tem sido identificado apenas no Europa central e agora no norte de Espanha", referiu a investigadora do Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

A entidade recebeu "a informação da detecção de Aedes japonicus nas Astúrias" já que, explicou, os países europeus com vigilância de vectores (seres que transmitem doenças), grupo que inclui os mosquitos, estão reunidos em várias redes e comunicam entre si e com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).

No âmbito da actividade de vigilância da Rede de Vigilância de Vectores (REVIVE), em 2017 foram feitas capturas em 216 concelhos de Portugal e vigiados cinco aeroportos, um aeródromo e 12 portos, de acordo com o preconizado no Regulamento Sanitário Internacional.

Maria João Alves apontou que as mudanças do clima "são sem dúvida importantes para os vectores, mas o factor mais associado às novas introduções são o movimento de pessoas e bens e as actividades comerciais associadas".

Assim, "a vigilância é feita em contínuo numa distribuição geográfica ampla" e, quando é detectada uma nova espécie, "devem ser realizados estudos das condições ambientais (clima é uma delas) para a instalação desse vector no local e implementadas medidas de mitigação", especificou.

Sublinhando que no REVIVE é dada atenção a qualquer nova espécie identificada, Maria João Alves afirmou que o Aedes japonicus nunca foi detectado em Portugal, mas duas outras espécies invasoras foram encontradas, o Aedes aegypti na Madeira, desde pelo menos 2005, a que se juntaram alguns espécimes de Aedes albopictus, identificados pela primeira vez no norte, em Setembro do ano passado.

O mosquito agora detectado nas Astúrias, apontou a investigadora, "é uma espécie com origem asiática adaptada a climas moderados, mas por, exemplo, não sobrevive em criadouros naturais (charcos, pneus, buracos nas árvores) em que a temperatura suba aos 30ºC" (graus centígrados).

"Aparentemente tem pouca capacidade de transmissão de agentes infecciosos (provado apenas em experiências laboratoriais que pode transmitir alguns vírus)", acrescentou.

Quanto às duas espécies já encontradas em Portugal, "são invasivas e com capacidade vectorial", ou seja, "podem transmitir vírus como dengue, zika e chikungunya", mas para que haja transmissão é necessária a conjugação de vários faxtores como uma grande densidade dos mosquitos, a presença dos vírus, por exemplo, na forma de casos humanos de importação, a presença de pessoas susce+tíveis à infecção e a existência de factores ambientais favoráveis, salientou a coordenadora da REVIVE.

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