Vivam os Jogos Gay!

Que os mesmos sejam mais uma bandeira nesta cruzada por direitos fundamentais, os nossos, de todos.

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Reuters/REGIS DUVIGNAU

Chegou ao fim este domingo, 12 de Agosto, a 10.ª edição dos Jogos Gay. Sim, leram bem, a 10.ª edição. Passaram 36 anos desde que foram criados, em 1982, em São Francisco, sempre com dois objectivos: a celebração da diversidade e a promoção do desporto, independente mente da orientação sexual, raça ou credo, em nome da inclusão, contra tudo e contra todos, em nome de cada um, em nome de todos.

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Chegou ao fim este domingo, 12 de Agosto, a 10.ª edição dos Jogos Gay. Sim, leram bem, a 10.ª edição. Passaram 36 anos desde que foram criados, em 1982, em São Francisco, sempre com dois objectivos: a celebração da diversidade e a promoção do desporto, independente mente da orientação sexual, raça ou credo, em nome da inclusão, contra tudo e contra todos, em nome de cada um, em nome de todos.

E não, não confundir os Jogos Gay com os Jogos Olímpicos. Se os objectivos são idênticos, só nos Jogos Gay podemos ser verdadeiramente livres e aceites. Afinal, muitos são os atletas impossibilitados de serem quem verdadeiramente são nos seus países de origem, vivendo em constante risco de espancamento, perda de bolsas de estudo e expulsão da universidade, excluídos pela própria família, sem tecto e sem casa, sem esquecer a pena de prisão ou morte.

Por isso, muitos são os atletas que não revelam às suas famílias, às autoridades, o seu verdadeiro intento ao viajar para estes Jogos. Não podem, sabem que não podem e receiam as consequências, infelizmente reais. 

O mesmo acontece em Portugal. Apesar de aceite por lei, muitos são ainda os preconceitos contra quem se afirma não-heterossexual, contra a norma, se é que tal coisa, a norma, existe. Assim, os meus parabéns aos atletas portugueses, 40 no total, os quais conquistaram seis medalhas, todas em natação. Não apenas pelas medalhas, mas pela coragem de se autorizarem a vencer num mundo onde quem prima pela diferença é tantas vezes reprimido. E, no entanto, e repito, somos todos diferentes, e ainda ninguém me soube dizer se a norma sequer existe.

São 13 os países onde não ser heterossexual é punível com a pena de morte, incluindo Nigéria, Arábia Saudita, Afeganistão, Paquistão, Uganda, entre tantos outros igualmente intolerantes, ostracizantes, incapazes de reconhecer nos outros a igualdade, a diferença, a liberdade. Enquanto assim for vivam os Jogos Gay, que os mesmos sejam mais uma bandeira nesta cruzada por direitos fundamentais, os nossos, de todos, por um futuro com as mãos dadas onde pouco importa com quem vamos para a cama.

Os Jogos Gay voltam em 2022: vemo-nos em Hong Kong!