Romenos pedem demissão do Governo em novo protesto contra a corrupção

Dezenas de milhares de pessoas saíram à rua protesto contra a corrupção na Roménia. Presidente condenou uso de força excessiva pela polícia na manifestação de sexta-feira.

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Manifestação foi promovida por emigrantes romenos LUSA/BOGDAN CRISTEL

Os romenos voltaram a sair à rua este sábado à noite em protesto contra a corrupção: há concentrações em Bucareste e nas principais capitais de províncias. "Demissão", "Demissão", grita-se agora, depois de um primeiro dia de protestos, na sexta-feira, ter terminado com centenas de feridos, incluindo muitos romenos que vivem no estrangeiros e alguns polícias.

Os manifestantes acusaram a polícia de ter usado força excessiva, posição defendida pelo Presidente do país, Klaus Iohannis.? Temem-se mais incidentes violentos durante o fim-de-semana.

Perto de cem mil pessoas concentraram-se na noite de sexta-feira na Praça Victoriei, no centro da capital; este sábado são uns 40 mil.

Os protestos começaram a tornar-se violentos quando um grupo de pessoas tentou furar a barreira policial na direcção do edifício onde está sedeado o Governo. A polícia respondeu com gás lacrimogéneo, gás pimenta e canhões de água.

O balanço revelado este sábado apontava para 400 feridos, incluindo vários polícias que foram atingidos por pedras e garrafas.

O Presidente romeno, Klaus Iohannis, condenou a “intervenção brutal” das forças de segurança e pediu explicações ao Ministério do Interior acerca do uso desproporcional de força sobre os manifestantes. “Condeno firmemente a intervenção brutal da polícia anti-motim, fortemente desproporcional em relação às acções da maioria das pessoas”, afirmou Iohannis, através de um comunicado.

A manifestação foi convocada por membros da diáspora romena, muitos dos quais regressaram ao país durante as férias, para protestar contra a corrupção e contra a intervenção do Governo junto do poder judicial. Para além de Bucareste, os protestos juntaram milhares de pessoas nas principais cidades romenas.

Uma delas, Daniel Ostafi, de 42 anos, mudou-se para Itália há 15 anos e lamenta não ter condições para regressar. “Vim embora para dar aos meus filhos uma vida melhor, que não era possível aqui na altura. Infelizmente, continua a não ser possível, as pessoas que nos governam não estão qualificadas e são corruptas”, disse à Reuters o camionista, durante a manifestação.

Há meses que a tensão nas ruas de Bucareste é elevada. Em causa está o afastamento da procuradora que liderava a agência anti-corrupção, Laura Kovesi, por ordem do Governo do Partido Social Democrata. O Executivo acusa Kovesi – que se tornou no rosto da luta contra a corrupção nos últimos anos – de abuso de poder durante o seu mandato à frente da Direcção Nacional Anticorrupção.

Para grande parte da população, porém, o afastamento de Kovesi serve simplesmente para desacelerar as investigações a membros do partido no poder, incluindo o seu líder, Liviu Dragnea, condenado em Junho num caso de corrupção.

A Roménia aparece consistentemente nos últimos lugares dos rankings de percepção de corrupção entre os membros da União Europeia.

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