Na cidade com as crianças

Sim, elas também gostam de andar a bater perna pelas cidades, apesar de torcerem o nariz quando lhes é feita tal proposta. O Verão pode ser a altura certa para fazer aquele fim-de-semana prolongado que sempre adiou. Nós ajudamos com os argumentos.

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Reuters

Com o Verão instalado, pode parecer que esta não é a melhor altura para fazer visitas às cidades com crianças atreladas pelos braços. Porque está muito calor. Porque ninguém as consegue entusiasmar com um museu, um monumento, um café numa praça. Claro. Se a alternativa que lhes pomos em cima da mesa for uma praia ou uma piscina, somos capazes de ouvir um par de resmungos ou de ver narizes torcidos como resposta a uma tentativa. Mas as férias de Verão não têm de ser apenas para esturricar ao sol, e se eles até já nos tentaram convencer que valia a pena meterem-se num avião para ir passar três dias a um parque de diversões como a Eurodisney, em Paris, ou o parque Warner, em Madrid, muitas vezes para enfrentarem filas e confusões, está na altura de juntar o útil ao agradável. E de programar uma visita àquela cidade da Europa que tem estado sempre a adiar. Nós ajudamos com os argumentos.

Amesterdão, Holanda

Sim, sim, não há engano. Mas desde quando é que Amesterdão é apenas a cidade do Red Light District? Então agora fica preocupado com a explicação que lhes vai dar quando eles virem mulheres em montras? Amesterdão é só uma das cidades com cultura mais descontraída da Europa, por isso trate de fazer o mesmo. E pense nos canais e nos passeios que pode fazer em bicicleta, em percursos desenhados para isso e convenientemente preparados para incursões em família. E, depois, as panquecas em Amesterdão são de comer e chorar por mais.

Paris, França

Esqueça a Eurodisney. A cidade propriamente dita tem argumentos mais do que suficientes — aliás, diríamos até que tem argumentos em demasia e que será sempre preciso fazer opções. A Torre Eiffel dificilmente estará entre aquelas atracções que se podem dispensar, por mais dissuasoras que possam parecer as filas que se formam à porta. Se há decisões a tomar aqui, serão só para optar entre as escadas ou o elevador. Mas subir é obrigatório. Depois há os refrescantes Jardins do Luxemburgo, os bateaux mouches no Sena, a catedral de Notre Dame e a emocionante história do seu corcunda. Há as escadarias de Montmartre e a praça dos artistas. E há animação de rua, e baguetes, e pains au chocolat e gelados artesanais, e um incrível museu interactivo para conhecer a história de Paris. On continue?

Copenhaga, Dinamarca

Eles devem conhecer bem A Sereiazinha de Hans Christian Andresen, mas o melhor é nem falar nisso. Porque o monumento é tão pequenino que é capaz de os desiludir — e aqui não é como em Bruxelas, em que há um rapazinho a fazer chichi, e a escatologia é sempre mais importante que a dimensão da estátua propriamente dita. Não nos vamos dispersar, que estamos a falar de Copenhaga, e por aqui há castelos, paisagens inspiradoras, um incrível centro de ciência, um dos maiores museus a céu aberto que há no mundo (fica fora de Copenhaga, em Lingby, mas suficientemente acessível para constar desta lista), e o Blue Planet, o maior aquário da Europa do Norte. Não, não nos esquecemos do Parque da Lego, junto à fábrica de Billund. Fica a 250km de Copenhaga, e por isso, desta vez fica de fora.

Londres, Reino Unido

É a terra natal de Harry Potter, do urso Paddington, da Mary Poppins, do Peter Pan. Se tudo isto não chegar, juntemos-lhe o Palácio e a Guarda Real, e lembre-lhes que será difícil encontrar outro lugar do mundo onde pode ver um render da guarda com tanta pompa e circunstância. Depois há os parques públicos, que são bestiais, o incrível London Eye, e o obrigatório Madame Tussaud (eles que esqueçam todos os anúncios e todas as eventuais visitas a museus de cera, este é que vale!) e por fim os inigualáveis mercados, ao ar livre ou nem por isso (ninguém resiste ao Camdem, a sério!). Por falar em mercados, o passo seguinte é pensar em compras: mostre-lhes a loja da Lego ou da M&M’s e é capaz de ter o assunto resolvido. Não nos esquecemos do Big Ben — mas não vale a pena falar de um monumento que está em obras, pois não?

Barcelona, Espanha

Só para contrariar a frase anterior, começamos o argumentário de Barcelona com a Sagrada Família, dizendo-lhes que ela está em obras desde sempre e que não há fim à vista. Falar de Gaudí será sempre um dos melhores argumentos para visitar Barcelona, basta pensar no delírio que são as casas Pedrera e Batlló, ou então o entusiasmante que é o Parque Güell. O ambiente cultural chilren friendly é palpável nas Ramblas, onde é irresistível apreciar tantos artistas e de tantos talentos. Por fim, ainda há o bairro gótico, para os que apreciam o antigo, e Barceloneta, para os mais modernos, os que gostam de praia e apreciam esculturas gigantes (há por lá uma baleia, desenhado por Frank Ghery).

Roma, Itália

Roma é um museu ao ar livre — mas temos consciência de que este argumento é capaz de não chegar. Talvez seja melhor evocar eventos de moda ou filmes de acção para conseguir o desejado entusiasmo. Bastará falar dos gladiadores para introduzir o magnífico Coliseu, ou das escadas que estão espalhadas pela cidade, para referir as mais famosas passagens de modelo. O facto de a cidade ser feita de praças e de pracinhas, e de em muitas delas haver quase sempre água e uma fonte, torna-a particularmente apetecível no Verão. Nem é preciso falar da Fontana de Trevi, que essa tem sempre gente a mais, temos de o admitir. Mas, enfim, bastará dizer-lhes que em Itália foi onde inventaram a pizza e que em Roma há uma pizzaria esquina sim, esquina não, e o assunto fica arrumado, não? Ah!, já nos esquecíamos, na esquina onde não há pizzas, há gelatarias com inigualáveis sabores artesanais.

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