Ministro diz que "grande vitória" em Monchique é inexistência de vítimas mortais

Eduardo Cabrita, que tutela a Administração Interna, criticou ainda quem incentivou as populações a colocarem-se "em risco" durante o combate ao incêndio em Monchique, o que classifica como "um apelo ao crime".

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Eduardo Cabrita visitou esta sexta-feira concelhos afectados por incêndio que começou em Monchique. LUIS FORRA/LUSA

O ministro da Administração Interna afirmou que a "grande vitória" do incêndio que deflagrou em Monchique há uma semana, e que nesta sexta-feira foi dado como dominado, é a inexistência de vítimas mortais, destacando a "notável" operação da Protecção Civil no combate ao fogo. Por outro lado, Eduardo Cabrita criticou quem incentivou as populações a colocarem-se "em risco" durante o combate ao incêndio, o que classifica como "um apelo ao crime".

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O ministro da Administração Interna afirmou que a "grande vitória" do incêndio que deflagrou em Monchique há uma semana, e que nesta sexta-feira foi dado como dominado, é a inexistência de vítimas mortais, destacando a "notável" operação da Protecção Civil no combate ao fogo. Por outro lado, Eduardo Cabrita criticou quem incentivou as populações a colocarem-se "em risco" durante o combate ao incêndio, o que classifica como "um apelo ao crime".

"É possível neste momento, em que a estrutura operacional considera [o incêndio] tecnicamente dominado, dizer [...] que a grande vitória é: vítimas [mortais] zero. É esse o grande balanço deste incêndio", afirmou Eduardo Cabrita aos jornalistas, nesta sexta-feira, após uma reunião no posto de comando da Protecção Civil, instalado no centro da vila algarvia, no distrito de Faro.

O governante sublinhou que este incêndio assumiu uma dimensão "extremamente significativa", em condições meteorológicas "particularmente adversas", e destacou a coordenação entre as várias entidades presentes no terreno, o que, a seu ver, foi "essencial para que o apoio às populações fosse feito de forma ordeira".

"Atempadamente, [com] todos, da Protecção Civil municipal à estrutura da Guarda Nacional Republicana, actuando preventivamente, à emergência médica, o apoio da Segurança Social, a previsão atempada de apoio psicossocial, foi possível fazer o combate em condições muito difíceis e chegar a este final de incêndio", afirmou Eduardo Cabrita.

O ministro revelou depois que a sua família é da região (a mãe é de Silves), pelo que conhece bem a zona, e afirmou compreender "bem a angústia das populações".

"A população foi notável na forma como compreendeu que aqui, como em Espanha, [...] Califórnia, Suécia ou Grécia, há circunstâncias para as quais temos de estar cada vez mais bem preparados", afirmou o ministro, perante a insistência dos jornalistas sobre as populações que quiseram ficar a defender as suas casas e foram impedidas pelas autoridades.

Eduardo Cabrita defendeu ainda que o país fez "imenso, mais do que nunca", este ano, em matéria de prevenção relacionada com incêndios florestais, mas assegurou que é preciso continuar esse trabalho: "mais e melhor".

O ministro seguiu depois com o presidente da Câmara de Monchique, Rui André, com o secretário de Estado da Protecção Civil, José Artur Neves, para uma visita às zonas afectadas pelo incêndio. O primeiro-ministro, António Costa, também se desloca esta sexta-feira às zonas afectadas pelo incêndio de Monchique com os governantes das áreas da habitação, agricultura, segurança social e turismo, numa visita de trabalho articulada com o Presidente da República, que irá mais tarde ao terreno.

No ano passado, os grandes incêndios ocorridos na região Centro fizeram 116 mortos (66 no fogo que deflagrou em Pedrógão Grande, em Junho, e 50 em vários concelhos, em Outubro). Houve ainda cinco mortes resultantes de outros incêndios.

41 feridos

No fogo desta semana no Algarve, a Protecção Civil actualizou nesta sexta-feira o número de feridos para 41, um dos quais em estado grave (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).

O ministro da Administração Interna anunciou depois que "a partir de hoje à tarde" as várias áreas do Governo começarão a trabalhar "em torno do apuramento" das consequências do incêndio nos municípios de Monchique, Silves e Portimão (as chamas chegaram ao concelho de Odemira, no distrito de Beja, no fim de semana passado, mas foram rapidamente controladas).

"Estou muito satisfeito de estar aqui a celebrar a circunstância de [as pessoas] estarem vivas. Esta tarde iremos proceder à avaliação dos danos. Temos de ter rigor e seriedade na aplicação de políticas públicas. Até hoje era o tempo do combate. A partir de agora será o tempo da avaliação", explicou.

O incêndio rural, combatido por mais de mil operacionais e considerado dominado esta sexta-feira de manhã, deflagrou no dia 3 à tarde, em Monchique, distrito de Faro, e atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afectado, com menor impacto, os municípios de Portimão e de Odemira.

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, que faz uma estimativa automática da área ardida através de imagens de satélite, as chamas já consumiram cerca de 27 mil hectares. Em 2003, três grandes incêndios, dois em Agosto e um em Setembro, destruíram  no total mais de 60 mil hectares, grande parte dos quais na Serra de Monchique.

Na terça-feira, ao quinto dia de incêndio, as operações passaram a ter coordenação nacional, na dependência directa do comandante nacional da Protecção Civil, depois de terem estado sob a alçada do comando distrital.