A melhor notícia da queda do desemprego

A redução do desemprego de longa duração que afecta os cidadãos acima dos 45 anos é o princípio do fim de um processo de exclusão social que tornava o país mais injusto.

Os dados do desemprego registados no final do primeiro semestre deste ano são uma excelente notícia para o país e não apenas pela surpreendente redução da taxa de pessoas sem emprego para 6,7% da população activa; os números avançados pelo Instituto Nacional de Estatística esta semana merecem ser também celebrados porque provam que o mercado de emprego está a ser capaz de corrigir uma das mais graves injustiças produzidas pelos anos de chumbo do ajustamento: a expulsão do mundo do trabalho das pessoas com idades mais avançadas.

Durante a fase mais grave da escalada do desemprego, em 2012 e 2013, muitos milhares de portugueses com idades acima dos 45 anos ficaram afastados compulsivamente do mercado de trabalho e entraram na penosa categoria de desempregados de longa duração. Eram, geralmente, pessoas com menos qualificações mas que, ainda assim, foram capazes durante as suas vidas de encontrar trabalho nos segmentos menos competitivos da economia, de constituírem as suas famílias, de educaram os seus filhos até acabarem abruptamente por ser excluídos do país que ajudaram a construir. A dificuldade em regressarem ao mercado de trabalho parecia confirmar essa ideia de que os anos da troika os tinham colocado num estatuto de párias, sem possibilidade sequer de emigrar como os mais jovens.

A recuperação da economia e do emprego mudou a sua condição e abriu-lhes novas oportunidades. No último ano, o número de desempregados reduziu-se em 110 mil e, desse total, 89 mil eram pessoas sem emprego há mais de um ano. O Jornal de Negócios avançava por sua vez que os trabalhadores entre os 45 e os 65 anos ocuparam oito em cada dez empregos criados no ano passado. Este movimento pode significar para muitos que a economia permanece presa às baixas qualificações. Que muitos dos novos postos de trabalho continuam a ser mal pagos ou precários. É certo. Mesmo que assim seja, muito pior seria assistir à marginalização laboral e social de milhares de pessoas e tolerar um país incapaz de criar oportunidades para todos.

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