ProTejo quer saber se poluição no rio afectou cadeia alimentar

Movimento lembra diversos episódios de mortandades de peixes ao longo do rio Tejo. Quer saber que análises foram realizadas à água e aos peixes mortos pelos ministérios do Ambiente e Saúde.

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PAULO CUNHA/LUSA

O movimento cívico ProTejo está preocupado com a falta de informação sobre eventuais riscos para a cadeia alimentar associados ao consumo de espécies piscícolas do Tejo e de produtos hortícolas regados com água do grande rio ibérico. Em carta aberta enviada esta semana aos ministros do Ambiente e da Saúde, o movimento recorda os sucessivos episódios de poluição verificados nos últimos anos no Tejo e sublinha que as questões que colocou em Abril ao Ministério da Saúde sobre este tema ainda não tiveram resposta. Contactado pelo PÚBLICO, o gabinete do ministro do Ambiente garantiu que se não foi feito nenhum alerta público, é que porque não há situações de risco.

O ProTejo, com sede em Vila Nova da Barquinha, quer saber que análises foram realizadas à água e aos peixes mortos pelos ministérios do Ambiente e/ou da Saúde, que resultados apuraram, quais as causas das sucessivas “mortandades” de peixe e que medidas foram ou vão ser tomadas para evitar novas ocorrências.

O movimento, constituído por organizações ambientalistas, autarquias e outras entidades da bacia do Tejo, quer saber também que riscos para a cadeia alimentar foram eventualmente identificados e considera que, no caso de não serem tomadas medidas para informar a população sobre esses eventuais riscos, devem ser imputadas responsabilidades aos organismos do Estado por “qualquer impacto negativo que decorra destas omissões”.

A carta aberta foi enviada, igualmente, ao inspector-geral da Agricultura e do Ambiente, ao presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, ao comandante geral da GNR, aos presidentes das comunidades intermunicipais da Lezíria e do Médio Tejo, à Direcção-Geral de Saúde e à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica.

“Desde 2015 que têm vindo a ocorrer, de forma contínua, uma sequência de gravosos incidentes de poluição no rio Tejo, alguns dos quais provocando mortandades de peixes, que são do domínio público e que culminaram num incidente de poluição do rio Tejo em 24 de Janeiro de 2018, que apresenta indícios de ter origem nas descargas de empresas da indústria da celulose”, refere o movimento de cidadãos ribatejano.

Depois, segundo o ProTejo, no passado mês de Julho, “foram registados diversos episódios de mortandades de peixes ao longo do rio Tejo, nomeadamente, em Abrantes e Santarém, tendo aparecido também uma ‘quantidade significativa’ de peixes mortos nas praias dos Moinhos e do Samouco, em Alcochete, no distrito de Setúbal”, recorda o movimento cívico.

Por isso, acrescenta, o ProTejo solicitou a intervenção do Ministério da Saúde, no dia 30 de Abril, “no sentido de se apurar se existem riscos na cadeia alimentar”. Agora, o movimento decidiu tornar públicas estas preocupações.

Ao PÚBLICO o gabinete do ministro do Ambiente faz saber que é obrigação do Estado tornar públicos os resultados das análises efectuadas e que se nada foi dito publicamente sobre eventuais riscos, “é porque não há nenhum risco”. A mesma fonte adianta que as análises realizadas com uma periodicidade diária têm revelado uma grande melhoria na qualidade da água.

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