A Sailside está aí para “democratizar” o aluguer de barcos

Startup dedica-se a alugar barcos de terceiros pela Internet. "Os barcos acarretam muitas despesas e, desta forma, podem tornar-se numa fonte de receita", diz fundador

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Thomas Ashlock / Unsplash

É um "bem caro" para o público e "dispendioso para os donos", mas talvez isso possa estar para mudar. É, pelo menos, esse o objectivo da Sailside, startup co-fundada por João Villas Boas que se dedica a alugar barcos em Portugal, Espanha, Brasil e Emirados Árabes Unidos. 

"Alugamos barcos de terceiros", explica o médico de 28 anos. "Fazemos uma economia de partilha. Damos acesso a um bem caro que passa a ser democratizado. Caro, subutilizado e dispendioso para os donos. Os barcos acarretam muitas despesas e, desta forma, podem tornar-se numa fonte de receita."

Criada há pouco mais de um ano, a Sailside começa agora a ser contactada "espontaneamente" por donos de barcos, ao contrário do que acontecia no início, quando era necessário ir "às marinas tentar angariar clientes". Agora, contam já com "mais de 300 barcos de todas as tipologias", desde "iates longos, barcos desportivos, veleiros, até barcos a remo".

Os proprietários de barcos que se queiram juntar só têm de se registar na plataforma. Depois de verificadas as condições legais, como o "seguro de passageiros e embarcação", a embarcação passa a poder ser alugada por outros utilizadores, sendo que a disponibilidade é sempre combinada com os donos. Como grande parte dos alugueres, "cerca de 90%", são de pessoas que não têm habilitações para capitanear um barco, o serviço pode incluir um skipper [capitão/comandante da embarcação]. "Pode ser o dono do barco, ou alguém designado por nós e que o dono aprove. Dez por cento dos nossos alugueres são pessoas que estão habilitadas com cartas válidas."

De Portugal ao Dubai

Em Portugal, a empresa encontra-se em funcionamento no Porto, em Lisboa e no Algarve. Pela proximidade e devido à grande afluência de turismo balnear, o mercado espanhol tem sido uma aposta, sobretudo Ibiza. E tendo em conta que na Europa o negócio é "sazonal, só existe no Verão", aventuraram-se também para outras geografias. "A forma que encontramos para contornar isso foi encontrar países nos quais é Verão enquanto aqui é Inverno. O Brasil é um país com um mercado enorme e subexplorado. (...) No Dubai, uma das maiores empresas de alugueres de barcos contactou-nos e propôs rentabilizar os barcos deles", revelou o responsável.

A Sailside anunciou ainda que, a partir deste mês, é a "única plataforma de aluguer de barcos no mundo a aceitar pagamentos em criptomoeda, como bitcoins. Objectivo: uma maior "rentabilização da comissão cobrada". O futuro da empresa passa agora por "fortalecer os pontos" em que estão presentes, não estando prevista uma "expansão geográfica". Acreditam que podem "ser muito bons focados em menos alvos", apostando mais na "ponderação" do que na "ambição". E a medicina, em que lugar fica? O jovem diz que continua na área "por amor à camisola", mas pondera em 2019 dedicar-se à empresa a tempo inteiro. "Na medicina", justifica, "só se pode ajudar uma pessoa de cada vez, mas com a digitalização dos serviços tradicionais consegue-se impactar a vida de muito mais pessoas".

Quem sabe se com tudo isto não surgem novas piadas. "Costuma-se dizer que melhor que ter um barco é ter um amigo que tenha um barco e que os melhores dias do dono de um barco são os dias em que o compra e o dia em que o vende", graceja o médico. "Agora passa a ser o dia que o compra e o que aluga."

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