Cartas ao director

Ensino e aprendizagens

Quem ler algumas opiniões que vão sendo publicadas a propósito das Aprendizagens Essenciais recentemente impostas pelo Ministério da Educação pode ficar com a impressão de que estamos perante um recomeço ou que esta nova medida administrativa vem deitar por terra um edifício educativo que importa preservar. Nem uma coisa nem outra. É mais do mesmo, mais um remendo num edifício estranho, a ameaçar ruína. A qualidade do ensino sempre foi e será desigual; de escola para escola, de uma sala de aula para a sala do lado. Há bons professores, outros que são mais ou menos e alguns dos quais é melhor fugir. Os directores não são todos iguais, as instalações e equipamentos variam muito. A origem social dos estudantes é um dado importante mas não é impossível de combater. Em suma, com ou sem Aprendizagens Essenciais houve e haverá casos de sucesso e casos de insucesso. Colégios para meninos ricos e escolas para meninos pobres.

Penso que, numa futura reforma educativa (que não deverá tardar muito), seria importante debater a relação entre os diferentes ciclos de aprendizagem. Não parece justificável que a avaliação no Ensino Básico seja estabelecida numa escala de níveis entre 1 e 5 (alguém se recorda porque se instituiu esta escala nos finais dos anos 70?) para ser alterada no Ensino Secundário, quando os alunos passam a ser escalonados numa tabela que vai de zero a 20 valores que se manterá até à conclusão das suas licenciaturas à bolonhesa. O secretário de Estado tem razão quando refere a extensão dos programas disciplinares. Muita gente concorda com ele. Talvez isto se pudesse resolver se não existisse um abismo de incomunicabilidade entre o Secundário e o Ensino Superior. As universidades, olhando-se no espelho da sua pretensa superioridade, reclamam da qualidade da matéria-prima que lhes chega todos os anos mas não se preocupam em procurar uma solução para o problema.  Quanto à choradeira que por aí vai por Os Maias deixarem de ser leitura obrigatória, sempre vos digo, caros amigos e colegas professores, todos nós lemos a obra quando frequentámos a escola (ou fingimos que a lemos) e, avaliando o estado em que se encontra o nosso sistema de ensino, podemos concluir que o resultado não terá sido lá muito famoso.

Rui Silvares, Cova da Piedade

Infarmed, um teste à liderança

Se os líderes das empresas que decidiram mudar as suas sedes para Lisboa fossem perguntar aos funcionários bem instalados se concordavam com a mudança esta jamais teria acontecido. Logo, os funcionários do Infarmed são os menos avalizados para dar opinião sobre o assunto.

O líder (neste caso António Costa) tomou uma posição e se não for capaz de a manter torna-se num líder fraco. Numa decisão destas o que conta é a opinião dos accionistas, e eu como accionista do Infarmed concordo com ela, pois tudo que seja aliviar a macrocefalia de Lisboa só pode ser bom para o país.

Aquela sr.ª que, julgando ser insubstituível, vem dizer que a decisão vem pôr em causa a saúde pública, alguém lhe explique que o cemitério está cheio deles. Aliás: só por esta declaração a senhora já devia ter sido substituída.

Quintino Silva, Paredes de Coura

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