As férias são um lugar estranho
Tudo te parece normal, mas não é!
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Tudo te parece normal, mas não é!
As dores instalam-se no corpo porque nada fazes, instalam-se na cabeça por nada pensar.
Lês Vampiros de forma voraz e pelo meio delicias-te com doses cavalares de bolas de Berlim.
Tiras fotografias, iguais às de toda a gente, e contas os likes no Instagram e no Facebook.
Andas à pendura no carro com a desculpa que estás com os músculos presos. Andas na praia só porque vês dezenas de pessoas a passar à tua frente de um lado para o outro. Esticas as t-shirts com a desculpa que o calor cola a roupa à pele.
Pões o telefone em modo avião, mas à socapa vais controlando os emails quando todos estão a dormir.
Vais às feiras agrícolas comprar botas e passear na rua junto dos carrosséis onde os teus filhos lutam para montar a girafa.
Lês o jornal, online claro, e é com deleite que as notícias te dão conta que os turistas mais pesados estão a dar cabo dos burros em Santorini.
Até aqui tudo normal.
Fora do normal é os tablets e os smartphones serem trocados pelo Monopólio e pelo Ludo.
Ainda mais estranho é ensinares os teus filhos a jogarem à bisca dos três e eles adorarem.
Ou será que não é assim estranho?
Será que nos falta tempo para investir em tempo com os miúdos? Será que o tempo que gastamos no nosso quotidiano deveria ter uma fracção de tempo ajustada ao tempo dos nossos filhos?
Não sou contra a tecnologia. Pelo contrário! É útil e nós precisamos dela.
É útil e quem não tirar partido dela será um inútil. Seja no dia-a-dia, seja no mundo do negócio, seja na simples percepção sobre o impacto que as tecnologias digitais terão, ou já têm, nas nossas vidas.
É tão útil e tão necessária que nós em Portugal só agora começámos a olhar para a tecnologia e já percebemos o quão iletrados somos a nível tecnológico.
Não. Não sou contra.
Mas... nem que seja nas férias, nos fins-de-semana, numa ou noutra tarde, há que tirar o Ludo e o Monopólio das gavetas, há que limpar o Sabichão e todos os clássicos da Majora que nos possamos lembrar, e jogar! Jogar “como se não houvesse amanhã”, já o outro dizia.
Há que deixar os jogos dos tabuleiros de vidro de parte e lançar os dados em cima do tabuleiro de cartão.