Valladolid… me encantó!

O leitor Miguel Silva Machado partilha a sua experiência pela cidade espanhola.

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A esplanada frente ao Teatro Calderon de La Barca, em Valladolid, parece simpática a meio da tarde. Entro na pequena jamoneria, olho para o balcão com poucos pinchos e pergunto: Tienes algo para comer? Como quem diz que aquilo é pouco! Um rosto grande e sorridente dispara “Tenemos cosas preciosas” e logo de seguida “Te doy algunas sugerencias!” Sugestões aceites, ali ficámos na esplanada com tapas, carne e vinho, vendo o público entrar para o teatro, depois sair e só então nos levantamos, já bem de noite, com a pergunta do proprietário da Exxencia De Ibericos na despedida: “Y que tal mis sugerencias?” Agradeci e disparei o melhor que me ocorreu: Preciosas!

Já antes, de passagem pelo antigo Palácio Real de onde Filipe II (I de Portugal) reinou parte do seu tempo, numa porta lateral da agora Comandancia Militar de Valladolid y Palencia, um soldado de serviço olhara-me, perfilara-se e saudara-me com um sorridente “buenos dias” e continência. Correspondi, sem continência, e segui para ver o palácio que a nós, portugueses, não traz grandes recordações.

Do outro lado da rua, depois de admirar a imponente fachada trabalhada da Iglesia de San Pablo, vindo de contemplar a não menos impressionante fachada do Museo Nacional de Escultura Colegio de San Gregório, junto à esquina do Palacio de los Pimentel, onde nasceu Filipe II, olho para o mapa e um cidadão de passagem, dispara “Puedo ayudarte? Dónde quieres ir?” Repondo Plaza Mayor e logo me indica dois caminhos, um mais curto do que o outro. Agradeço e sigo pelo mais curto, a Calle Filipe II — afinal de contas, o senhor nasceu em Valladolid, ali instalou a corte uns tempos e não faltam referências à sua pessoa na cidade. Na Plaza Mayor — enorme, dizem que é das maiores de Espanha e se eles têm muitas! — duas equipas cinófilas da Polícia Nacional passam com pastores alemães à trela e deixam-se fotografar por uma avó enquanto a neta brinca com uma das “feras”!

No dia anterior, à chegada ao Hotel Imperial, o recepcionista, Roberto, certamente não muito longe da idade de se reformar, recebera-nos com grande simpatia, agradecera a nossa escolha entre os mais de 40 hotéis da cidade. Percebendo que pela primeira vez estamos em Valladolid, passa a explicar-nos com grande detalhe o mapa da cidade e a cada referência um pouco de história. Uma aula simpática e esclarecedora. Pensámos, na altura, que a sua simpatia tinha sido um acaso, mas, pelo que se seguiu, saí de Valladolid encantado com a amabilidade, que me pareceu geral!

Claro que andei pela comercial Calle Santiago e pela Pasage de Guitiérrez, entrei no agradável Parque do Campo Grande com os seus faisões, demorei-me junto do enorme conjunto monumental de homenagem a Cristóvão Colombo — que ali morreu —, admirei o enorme palácio que alberga a Academia de Caballaría del Ejército, estive numa das esplanadas junto à Catedral — que também foi danificada pelo terramoto de 1755 —, no Real Monasterio de San Benito, com a sua imponente fachada gótica, e muitos mais monumentos ficaram por visitar. Por eles e pela simpatia… volveré!

Miguel Silva Machado

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