O circuito challenger no ténis vai ser relançado

Portugal poderá receber quatro torneios challengers em 2019.

Foto
Os torneios de ténis vão ter novas normas José Sena Goulão/Lusa

No seguimento das alterações nos torneios profissionais organizados pela federação internacional de ténis (ITF), que irão passar a integrar um circuito que deixará de atribuir pontos para os rankings mundiais, o ATP veio agora anunciar uma renovação no Challenger Tour, o circuito intermédio frequentado por todos os que ambicionam disputar os torneios mais importantes do mundo.

A partir de 2019, os quadros de singulares dos challengers sobem de 32 para 48 tenistas, sendo que os 16 melhores ficam isentos da ronda inicial. As provas passarão a integrar uma hierarquia (70, 80, 95, 110 ou 125) conforme os pontos averbados pelos vencedores – à semelhança do que acontece no ATP World Tour. O prémio monetário total do Challenger Tour será aumentado num total de um milhão de dólares, sendo que o nível mais elevado (Challenger 125) oferece prémios totais no valor de 140 mil euros.

A duração dos torneios será encurtada, para sete dias, passando a iniciar-se às segundas-feiras, com a realização do qualifying, o qual será disputado apenas por quatro candidatos a dois lugares no quadro principal. Com esta medida, pretende-se que nenhum tenista que esteja em competição no fim-de-semana fique impedido de jogar o qualifying do torneio seguinte.

“São mudanças significativas, que vão levar a uma real melhoria do ATP Challenger Tour, principalmente porque queremos dar mais oportunidades de ganhar dinheiro aos jogadores que estão a entrar no ténis profissional. A grande prioridade para nós é garantir um caminho saudável e melhorar a viabilidade de uma carreira no ténis profissional masculino", justificou Chris Kermode, presidente executivo do ATP.

As alterações foram bem acolhidas por parte dos responsáveis dos challengers realizados em Portugal. Segundo o presidente da Federação Portuguesa de Ténis (FPT), esse número poderá passar de dois a quatro; com mais um no Algarve (provavelmente Portimão, Cidade Europeia do Desporto em 2019) e outro no Norte (a confirmar-se a promoção do Porto Open masculino).

“Em termos organizativos, há uma diminuição de dias em que temos de dar alojamento obrigatoriamente, mas vão ser mais jogadores. Quanto à redução dos qualifyings, vamos ter menos portugueses, mas temos wild-cards para os nossos representantes. Portanto, por um lado vai abrir mais vagas para o quadro principal, mas preferia ter mais lugares no qualifying”, adiantou Vasco Costa, presidente da FPT, organizadora do Braga Open.

De acordo com as mudanças está igualmente Manuel de Sousa, director do Lisboa Belém Open: “De certa forma, protege as organizações porque diminui os custos. Havia pouco dinheiro nos challengers, mesmo não havendo mais pontos. De forma geral estou de acordo, vai haver uma maior selecção, mais apertada, haverá uma maior filtragem através dos ITF.”

Do lado dos jogadores há uma maior apreensão, até porque há ainda muitas questões por esclarecer, como o número de pontos e as verbas a serem distribuídas por ronda ou se o número de convites (wild-cards) se mantém.

“Acho que vai ser preciso tempo para ver como correm estas mudanças no circuito, mas não acho que fossem muito necessárias. Acho que a ATP continua a atirar areia para os olhos, porque diz que aumenta o prémio monetário, mas vai haver mais uma ronda e o dinheiro vai ser mais dividido. Continua a ser ridículo que estejam preocupados com estas mudanças, mas continuam a deixar um jogador no "top-120", "top-150" a contar tostões para terem um ano produtivo. Há uma discrepância muito grande entre um jogador que está a 95.º e o que está em 105.º e não entra nos Grand Slams, comparada com a qualidade desses jogadores”, acusou Gastão Elias, actual 127.º ATP.

“Uma mudança interessante é a de os torneios começarem na segunda-feira, o que faz com que a prova de pares vá ser mais profissional; há muitos pares que só têm dois encontros difíceis, porque a maioria dos adversários joga o qualifying de singulares na semana seguinte e não podem ganhar para se irem embora”, frisou o número dois português no ranking mundial.

Também João Domingues ainda não tem uma opinião concreta e definitiva. “Ouvi dizer que iam aumentar os pontos nos ATP e baixar nos challengers. Se isso acontecer, não estou de acordo, porque vai tornar muito mais difícil a transição do Challenger Tour para o ATP Tour. Mudaram as regras para tentar tornar o circuito mais profissional, para existirem só 700 jogadores profissionais. Concordo com essa ideia, mas na realidade o 700.º, 400.º e mesmo o 200.º do mundo não conseguem viver do prémio monetário dos torneios. E ainda não sabemos quantos torneios vão haver por semana. Se os futures não contam para o ranking, todos vão querer jogar challengers. Haverá assim tantos torneios challengers por semana para conseguir abranger tantos jogadores?”, questiona o número quatro português e actual 260.º mundial.

Com o objectivo de diminuir o número de atletas profissionais, que actualmente chega a 14.000 tenistas, a ITF anunciou grandes alterações para 2019, com a criação de um Transition Tour, sem prémios monetários e onde serão atribuídos pontos para um Entry Ranking, que irá permitir aos mais bem pontuados entrar nos torneios do nível seguinte. No caso masculino, será apenas no Challenger Tour que começarão a ser distribuídos pontos para o ranking ATP.

“Em relação às alterações dos pontos nos futures, acho que faz sentido; querem acabar com jogadores que só jogam futures, que conseguem ter ranking para jogar os Grand Slams sem nunca terem jogado um challenger”, frisou Domingues.

Sugerir correcção
Comentar