Sete em cada dez mochilas de Lídia e Paulo Branco andam às costas de miúdos estrangeiros

Empresários portugueses criaram a DKT, em Ermesinde, onde aliam a moda ao material escolar.

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Se na hora de comprar uma mochila, esta tiver de oferta um smartwatch, drone, óculos de realidade virtual ou telemóvel, não estranhe. É uma estratégia de marketing de Lídia e Paulo Branco, da empresa de produtos escolares DKT Representações. O objectivo é claro: agarrar os consumidores mais novos, mas não é em Portugal que mais vendem, 70% do peso da facturação chega do que comercializam para o exterior. 

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Se na hora de comprar uma mochila, esta tiver de oferta um smartwatch, drone, óculos de realidade virtual ou telemóvel, não estranhe. É uma estratégia de marketing de Lídia e Paulo Branco, da empresa de produtos escolares DKT Representações. O objectivo é claro: agarrar os consumidores mais novos, mas não é em Portugal que mais vendem, 70% do peso da facturação chega do que comercializam para o exterior. 

Além das ofertas que causam furor entre os mais novos, o casal tem outro trunfo na manga. Procura sempre traduzir as tendências da moda nas várias linhas de mochilas, estojos, cadernos, carteiras e sacos de piscina que cria. “Como vínhamos do mundo de acessórios de moda, tentámos introduzir moda no escolar”, explica Lídia, rodeada de mochilas dos mais variados estilos e cores. E parece estar a resultar, porque, continua, “é o que nos vai distinguindo no mercado”. A empresa começou há 20 anos, mas na comercialização de gifts (presentes), acessórios de moda e bijuteria. O casal chegou a ter duas dezenas de lojas espalhadas pelo país e pelo estrangeiro, chamavam-se Dakota.

O casal procura ainda utilizar matérias-primas diferentes como o poliéster, veludo e produtos do mundo do calçado, mas é na China que encontra maior variedade de materiais que não há em Portugal, continua a empresária, engenheira química de formação, mas que actualmente dá aulas de marketing. 

Aliás, é também na China que produzem os seus produtos. Paulo Branco garante que não é por causa do custo da mão-de-obra ser menor. “Já não é barato. Está a ficar complicado porque os preços estão a subir muito e há ainda a questão da poluição”, explica. Mas, simplesmente “não existe outra alternativa senão produzir na China, porque são muito eficientes, rápidos e têm mais matéria-prima”.

Em 1998, o negócio era outro. Então, nas lojas Dakota vendiam isqueiros, relógios e canetas, além de bijuteria. “Éramos distribuidores em Portugal de uma marca espanhola da qual rapidamente nos tornámos sócios”, conta Paulo que sempre teve experiência na área das vendas. Por essa altura, o casal viu uma oportunidade no mercado. “Não havia lojas especializadas em prendas e decidimos abrir a primeira no Funchal”, lembra Lídia. Depois seguiram-se outras por todo o país, mas também em Moçambique, no Brasil e nas Canárias. Resolveram ainda entrar no segmento das licenças especializadas. “Começámos a comprar para as nossas lojas e a vender produtos da área do escolar”, recapitula o empresário.

O negócio estava a correr bem até o mercado mudar com o “aparecimento de lojas com produtos semelhantes, mas sem marca, e mais baratos”, lembra Lídia. “Fomos encerrando as lojas porque os custos nos centros comerciais são elevadíssimos”, recorda. A última foi em 2014. Por essa altura, repensaram o negócio, mas sem pôr de lado o mercado dos produtos escolares. “Quisemos agarrar a oportunidade, porque era um mercado a explorar”, sublinha. Foi, então, que apostaram na produção de produtos escolares licenciados desde mochilas, cadernos, estojos e acessórios de moda de marcas como a Marshmallow e Miss Lemonade para rapariga e a Unkeeper para rapaz. “Temos uma parceria com uma empresa americana em que representamos essas três marcas”, explica Lídia. No entanto, é a DKT que trata do design e do desenvolvimento de produto, em Ermesinde, onde trabalham nove pessoas, incluindo o casal. “Até os fechos [das mochilas] desenhamos”, realça Paulo. Também são responsáveis pelo lançamento nos mercados nacional e internacional.

Os produtos são, então, produzidos na China para depois regressarem ao armazém de Ermesinde e serem distribuídos. Só, em 2017, a empresa facturou mais de cinco milhões de euros. Os mercados mais expressivos são o da Grécia, Espanha, Angola, Itália, França, Bélgica, Canadá e Marrocos. “O nosso melhor cliente é a Grécia que representa 20% da facturação”, informa Paulo. “Temos produtos no Carrefour e no E. Leclerc, em França”, orgulha-se. Já em Portugal vendem para as grandes superfícies do Continente e da Staples.

As estratégias de marketing são uma das preocupações da empresa que, para o início do próximo ano lectivo, já desenhou a sua estratégia. Por exemplo, nos hipermercados do grupo Sonae (a que o PÚBLICO também pertence), o casal vai lançar mochilas com oferta de telemóvel, smartwatch e drone; já na Staples estarão outras mochilas com óculos de realidade virtual ou com headphones, informa o empresário.

A DKT também já desenvolveu mochilas com colunas de som incorporadas, com GPS que permitia aos pais saber a localização das crianças, com skates e power bank. Uma mochila pode custar entre 24,90 euros e 49 euros, e não ter estas ofertas.