Desgendrar é giro

Na Universidade de Leipzig não há professores – só professoras. Não há arquitectos – só arquitectas. Todas as profissões são ditas no feminino.

Na Universidade de Leipzig não há professores — só professoras. Não há arquitectos — só arquitectas. Todas as profissões são ditas no feminino.

É temporário — só para os homens e as mulheres saberem o estranho que é usar só um género. Antes disso houve uma primeira fase em que se usavam sempre ambos os géneros: professoras e professores.

No futuro adoptar-se-á apenas o neutro, prescindindo da terminação feminina e, claro está, de qualquer indicação do género.

É mais fácil para os alemães, porque têm o neutro como destino. Para os portugueses será mais difícil, porque regra geral as designações colectivas são masculinas: o sindicato dos professores é composto maioritariamente por professoras.

Só para meter conversa proponho que passemos a usar exclusivamente o género feminino: as professoras, as cidadãs, as empregadas, as pintoras. Numa fase inicial explicita-se as pessoas (que são) professoras, as pessoas cidadãs, as pessoas empregadas, as pessoas pintoras.

Para libertar o neutro, de modo a poder usá-lo num futuro próximo, tem de se masculinizar as palavras: os professoros têm uma selecção de futebol, as professoras têm outra. Muitos pintoros de agora têm barba.

Presidentes e agentes são palavras neutras, porque tanto se pode dizer “a presidente” como “a agente”. E para arranjar o neutro de empregados? Que tal as empregadas, os empregados e neutralmente empregades? Ou as cidadãs, os cidadãos e neutralmente cidadães?

Como só gradualmente passaríamos para os neutros, temos tempo para combinar.

Sugerir correcção
Ler 9 comentários