Ambiente de alta tensão no Zimbabwe, polícia cerca sede da oposição

Presidente Mnangagwa diz que oposição "deve reconhecer resultados" e "perceber que perdeu".

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O Exército foi novamente enviado para patrulhar as ruas de Harare Reuters/SIPHIWE SIBEKO

O candidato do principal partido da oposição no Zimbabwe, Nelson Chamisa, repetiu que venceu as eleições quando a sede do seu partido era cercada pela polícia, que detive já dez pessoas. Chamisa fez a declaração pouco depois do Presidente interino, Emmerson Mnangagwa, dizer que a oposição deveria "aceitar os resultados" quando estes forem anunciados e quando "perceberem que perderem" deveriam "dizer aos seus apoiantes". 

A tensão continuava visível na capital, Harare, com o exército nas ruas e a polícia a cercar a sede do Movimento para a Mudança Democrática (MDC). O partido de oposição esperava a chegada de advogados e o secretário-geral do partido, Douglas Mwonzora, adiantou à Reuters, antes de a polícia começar as detenções, que havia 27 funcionários encurralados na sede. A polícia estará a investigar Chamisa por incitar à violência.

Na quarta-feira, confrontos entre apoiantes do MDC e o exército resultaram  em pelo menos três mortes de civis, baleados – a polícia informou entretanto que o número de vítimas mortais subiu para seis. Várias instituições internacionais condenaram o uso excessivo de força das autoridades e apelaram à contenção. 

A embaixada dos EUA aconselhou os seus cidadãos no Zimbabwe a permanecerem em casa, depois de novos relatos de tiros na manhã desta quinta-feira.

A Comissão Eleitoral do Zimbabwe assegurou que vai divulgar "muito em breve" o resultado das presidenciais, garantindo não existir "nenhuma desonestidade" no processo, ao contrário do que sugeriu a oposição. Os primeiros resultados começaram a ser divulgados hoje à noite (até agora foram só divulgados sete lugares de deputados, dos quais seis foram para o partido no poder e um para a oposição). 

Observadores eleitorais da Commonwealth, a que pertence o Zimbabwe, condenaram a acção dos militares contra os apoiantes do MDC, que contestava a notícia de vitória da União Africana Nacional do Zimbabwe-Frente Patriótica (Zanu-PF), o partido de Robert Mugabe, relata a Reuters.

A União Europeia disse que as eleições foram competitivas e que as liberdades foram respeitadas, mas que o campo em que foram disputadas não estava verdadeiramente equilibrado. O que isto quer dizer é que partido que sempre governou o Zimbabwe teve mais acesso aos media e a outros meios de poder para fazer passar a sua mensagem, em comparação com o MDC.

Emmerson Mnangagwa, que ocupa interinamente a presidência desde o golpe que derrubou Robert Mugabe em Novembro, anunciou no Twitter que está a comunicar com o líder do MDC e seu principal rival eleitoral, Nelson Chamisa, para discutir qual a melhor maneira de manter a calma no país. 

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