Abate de urso-polar provoca críticas sobre impacto do turismo

O animal foi abatido depois de ter atacado segurança de navio turístico. Empresa defende que acto foi em “legítima defesa”.

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O urso abatido fazia parte dos três mil animais desta espécie que habitam a região Reuters/NTB SCANPIX

O abate de um urso-polar em Svalbard por um segurança de uma empresa de turismo, no sábado, provocou uma série de críticas sobre o impacto do turismo na vida desta espécie ameaçada. O animal terá sido abatido a tiro por um segurança após ter atacado outro segurança de um cruzeiro que estava de visita ao arquipélago do Árctico, na Noruega, avança o jornal britânico The Guardian.

As autoridades norueguesas afirmaram que o ataque ocorreu quando os turistas a bordo do navio MS Bremen desembarcaram na ilha de Svalbard, localizada entre o território continental da Noruega e o pólo Norte e conhecida pelos seus glaciares, renas e ursos-polares. Segundo a empresa alemã Hapag Lloyd, responsável pelo navio, os dois seguranças desembarcaram na ilha. Um deles foi “atacado por um urso-polar, acabando por ser ferido na cabeça”. Face ao ataque, o outro funcionário abateu a tiro o animal, em “legítima defesa”, diz a empresa. Todas as operadoras turísticas que fazem viagens àquela região são obrigadas por lei a possuir nas suas tripulações seguranças especializados contra ursos-polares.

Imagens do urso abatido circularam pela Internet, provocando uma onda de críticas, visando sobretudo o impacto nocivo do turismo na fauna daquela região. De forma irónica, o comediante britânico Ricky Gervais comentou o caso no Twitter: “‘Vamos aproximar-nos de um urso-polar no seu habitat natural e depois matamo-lo se ele se aproximar ainda mais de nós.’ Idiotas.”

Várias organizações ambientais também vieram criticar a postura dos seguranças, defendendo que o animal agiu segundo os seus instintos, como forma de proteger o seu território e as suas crias.

O homem ferido foi retirado por um helicóptero do local e levado para uma localidade próxima, onde ficará hospitalizado. A empresa já avançou que o funcionário não corre perigo de vida.

Os ursos-polares foram considerados uma espécie “vulnerável” à extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), tendo como principais ameaças a poluição, criada pela crescente exploração de gás natural e petróleo, bem como o aumento de interacções entre os humanos e os ursos. O desaparecimento do gelo marinho, consequência do aquecimento do Árctico, obriga estes animais a passar mais tempo em terra para conseguirem caçar.

O turismo não promete acalmar nesta região. Para a semana, segundo o The Guardian, irão desembarcar 18 cruzeiros para visitar o arquipélago norueguês.

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