Robles está a ser vítima de uma “campanha de difamação”, diz Catarina Martins

A coordenadora do Bloco de Esquerda acusa oposição e jornais de “infâmia” contra o vereador de Lisboa. Catarina Martins toma a campanha como “pessoal” para fragilizar o partido na sua principal luta.

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Mário Lopes Pereira

“Ontem acordei com uma capa de jornal a dizer uma mentira. E hoje não a vejo desmentida em lado nenhum”. As primeiras declarações da coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acerca da polémica que recaiu sobre os negócios imobiliários do vereador eleito em Lisboa, Ricardo Robles, foram para “a campanha de difamação” e para a “infâmia” com que os partidos da oposição e a comunicação social têm tratado o tema.

“O vereador Ricardo Robles ganhou milhões com a venda de um prédio? Não. Ontem um jornal dizia que sim, mas hoje ninguém o desmentiu. O vereador Ricardo Robles despejou inquilinos? Não, assegurou que fossem feitas as obras e manteve a cobrar uma renda de 170 euros? O vereador Ricardo Robles tem prédios escondidos como hoje diz outro jornal? Não! São ataques infames, difamadores, eventualmente para esconder problemas maiores que existem noutro partidos, como aquele que se apressou a pedir a demissão do vereador do Bloco”, comentou Catarina Martins, coordenadora do BE, à entrada do acampamento de jovens que está a decorrer até amanhã, domingo, no parque de Campismo de Martinchel, em Castelo de Bode.

Catarina Martins defendeu sempre o vereador bloquista, repetindo que ele “fez o que tinha de ser feito”, e de acordo com o que o partido tem defendido em termos de políticas de habitação, “ainda antes de aparecerem notícias nos jornais”. Frisando que ele "nada fez de errado", sublinhou: “Robles não precisou de notícias dos jornais para fazer o que tinha de ser feito.”

A líder do BE, afirmou que “a compra do prédio foi feita ainda antes de ser vereador. Trata-se de uma compra de família, e ontem mesmo foram dadas todas as explicações, inclusive as mais pessoais" sobre este caso.

"Eu resisto sempre a trazer casos pessoais para a praça pública. Mas também entendo, e defendo, que um eleito deve prestar explicações, e as mais pessoais se for preciso”, afirmou, dando a entender que o vereador não devia ser criticado, e penalizado, pelas circunstâncias pessoais que envolveram um negócio de família.

Catarina Martins admite que estas notícias são “terríveis para o Bloco de Esquerda”, porque visam fragilizar a luta que o partido tem assumido das questões de habitação. “Mas eu recordo que a luta do BE é concreta e já levou a factos concretos, com leis aprovadas e outras em vias de promulgação. A lei que suspende despejos — não todos, como o Bloco gostaria —, mas os que são mais urgentes, e que já foi publicada, ou a lei que altera o direito de preferência, e que está para promulgação, são aspectos concretos desta luta”, enumerou a coordenadora do BE.

"São dois dias em que há capas de jornal que dizem mentiras sobre o vereador do BE na Câmara de Lisboa e isso acontece na mesma altura em que o parlamento aprovou legislação importante para proteger os inquilinos e em que aguardamos, por exemplo, a promulgação a breve trecho do direito de preferência sobre a propriedade que permite que o inquilino possa comprar só a sua fração quando o senhorio quer vender todo o empreendimento e, por isso, será um grande obstáculo a negócios que estão a ser preparados, nomeadamente a Fidelidade que quer vender um enorme número de prédios em várias zonas do país", garantiu Catarina Martins, concluindo que "o que o BE está a fazer está a incomodar interesses imobiliários”.

O facto de o PSD ter “prontamente” pedido a demissão do vereador Ricardo Robles mereceu duras críticas por parte de Catarina Martins, que considera uma “hipocrisia” que os sociais-democratas se apressem a pedir a cabeça de um vereador em vez de tirarem consequências dos problemas internos e as investigações que estão em curso por causa dos vistos gold, por exemplo.

“O BE sente este ataque pessoalmente, porque pretendem fragilizar a nossa luta, mas na verdade é um problema mais vasto. Se vemos jornais, alguns até de referência, a divulgar notícias falsas esse é um problema da comunicação social e da própria democracia”, acusou.

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