A Nevoazul fez um desvio — e veio mudada

Inês Catarina Pinto criou uma revista anual sobre as “acções que têm um impacto positivo no mundo”. Agora deu a volta ao mundo guiada pela Nomad.

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António Luís Campos

Porque “viajar é assistir a muitas coisas que não compreendemos e a algumas coisas que não vamos compreender”, a Nevoazul decidiu fazer um desvio no seu percurso e lançar uma edição especial (em parceria com a agência de viagens aventura Nomad), dando palavra aos que “percorrem o mundo na tentativa de o compreender e não de o conquistar”.

Responsável por aquilo que o Manifesto, em Matosinhos, anda a ler, Inês Catarina Pinto tem outro amor. Entre as publicações independentes do quiosque está a sua Nevoazul, revista anual sobre as “acções que têm um impacto positivo no mundo”. Névoa porque “transmite pontos de vista sem cair em fundamentalismos”. Azul por a cor transmitir “a serenidade que nos permite tomar decisões mais acertadas e menos impulsivas”.

A cumplicidade entre a revista, já com dois números simplesmente azuis, e alguns exploradores nómadas aconteceu naturalmente. “Defendemos valores similares. Partilhamos com a Nomad o desejo de criar projectos com um impacto positivo no mundo”, justifica à Fugas Inês, 28 anos, com mestrado em Ciências da Comunicação.

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A Nevoazul está aqui e, num ápice, a Nevoazul, cores quentes, deu a volta ao mundo e voltou mudada. “Como janelas para outros universos, cada artigo é um apelo à mudança, não só de nós mesmos, mas, acima de tudo, da imagem que fazemos do planeta a que chamamos casa. Mais do que estimular o pensamento crítico sobre a sociedade moderna, está na altura de aprender e compreender.” Seja a 4050 metros de altitude, o ponto mais alto da ilha de Taquile (aventura de António Luís Campos, que também registou a vida nas ilhas Uros), a lutar pela sobrevivência a norte do Círculo Polar Árctico (Carla Mota ouviu as comunidades inuits e percebeu que a vida está a mudar no Árctico), perdidos no oceano (com o fotógrafo Pepe Brix) ou encontrados entre os últimos nómadas (Eduardo Madeira e Tiago Costa na cordilheira de Tien Shan, entre o Quirguistão e a China), entre o paradoxo que é Varanasi (“É o caso, o mundano e o sagrado”, escreve Filipa Chatillon), os percursos de carro pelas ruas de Mossul (excertos da vida de Paulo Moura) e uma linha ténue que separa povos (reportagem fotográfica Colective Photo).

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“Tentámos perceber como é que uma viagem nos permite obter conhecimento”, explica Inês Catarina Pinto. “Vemos um lado da história. Depois viajamos e vemos coisas que mexem connosco. Isto é um apanhado sobre o que se está a passar no mundo. Acima de tudo, criámos uma publicação que faz uso da intemporalidade do papel para retratar um mundo que muda cada vez mais rápido.”

Sem número, esta terceira Nevoazul pretende ser “número único” — e, aos poucos, a revista tentará voltar a ser o que era.

O comércio tradicional ilustrado

A mercearia do senhor António, o talho do senhor Júlio, a drogaria do senhor Fernando, a carvoaria do senhor Sousa, a loja do senhor Lacerda, a padaria do senhor Aníbal... “São coisas do passado, claro”, escreve o olissipógrafo Appio Sottomayor a propósito da edição Lojas Históricas de Lisboa (Zestbooks), um pequeno álbum de espaços do comércio tradicional de Lisboa ilustrado pela associação Urban Sketchers Portugal. “Mas, modernizadas, modificadas muitas delas nos usos e nos produtos, as lojas continuam, indubitavelmente, a fazer parte integrante de uma cidade e do seu património.” As lojas abriram as portas e deixaram que os seus produtos únicos, as fachadas, os interiores, as maquinarias, os tectos, as letras e as gentes fossem desenhados à mão no momento. São cerca de 40 lojas históricas, com contactos, coordenadas GPS, horários, curiosidades e segredos sobre cada uma delas. E ilustrações, claro.

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Manual de instruções para comer bem

O guia de receitas para um intestino saudável. Apresenta-se assim Equilíbrio (Edições Chá das Cinco), último trabalho de Mafalda Rodrigues de Almeida, autora do livro Superalimentos, refeições com mais vida e do site Loveat. “Que somos o que comemos já todos sabemos, mas será que sabemos exactamente o que isso significa?”, pergunta Mafalda, que também exerce Nutrição Clínica. Neste livro pretende demonstrar como “cada dentada” pode ser “o maior desafio para a saúde do nosso microbioma”. Mais do que um livro de receitas, trata-se de um manual de instruções para comer bem, para começar bem o dia, para restabelecer o equilíbrio (remédios caseiros), para saborear e para mudar a forma como compramos os alimentos.

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