Médicos do Centro pedem correcção de vagas para hospital de Aveiro

Várias estruturas médicas contestam ainda a contratação de médicos aposentados antes da abertura dos concursos para os recém-especialistas que concluíram há meses a sua formação.

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Paulo Pimenta

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) reclamou nesta sexta-feira a correcção de vagas para o Hospital de Aveiro, alegando que o mapa de colocações de recém-especialistas divulgado na quinta-feira revela "total desconhecimento da realidade local".

Em comunicado, revela ainda que falta definir "um dos aspectos mais importantes, que é a data de colocação destes especialistas", e cita o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, a dizer que a emenda do mapa de vagas "é uma obrigação moral do ministério da Saúde".

" [O mapa] ignora por completo as enormes dificuldades sentidas no Hospital de Aveiro, o caos que se sente nas urgências e as dificuldades nos serviços de internamento deste hospital. Publicado com um atraso completamente inexplicável face às dificuldades sentidas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), é com enorme surpresa e decepção que nos deparamos com a atribuição de apenas nove vagas para o Centro Hospitalar do Baixo Vouga", afirmou.

Acrescentou ainda que este é um "valor ínfimo em comparação com as vagas atribuídas a outros hospitais", num distrito que tem cerca de "370 mil habitantes e profundas dificuldades de recursos humanos", com falta de médicos para a Urgência, "uma das mais carenciadas da região Centro". "Não existe nenhuma explicação para se atribuir somente nove vagas a um Centro Hospitalar que precisa de pelo menos cinco vezes mais vagas para dar resposta às necessidades dos doentes deste distrito. De uma assentada, o ministério apaga do mapa da Saúde este importante hospital", acusou Carlos Cortes.

A nota menciona ainda a "desajustada" atribuição de vagas para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), muito abaixo das "necessidades", denunciando novamente o ministério da Saúde de estar a "seguir uma estratégia de asfixia" do CHUC. "Falamos de um hospital que forma o dobro dos especialistas que agora lhe são atribuídos e com enormes necessidades nas especialidades como anestesia, cirurgia, medicina interna, ginecologia, pediatria, entre outras, fundamentais na área da urgência. Nenhum destes serviços receberá o número de especialistas necessários para o seu normal funcionamento. Isto revela, por parte do Ministério da Saúde, uma vontade de esvaziar este hospital e um enorme desprezo pelos doentes", finaliza Carlos Cortes.

Na quinta-feira, o ministério publicou os despachos de contratação de médicos recém-especialistas, sendo que os hospitais do Algarve, Évora, Coimbra e o Centro Hospitalar de Lisboa Central, foram os autorizados a contratar um maior número. Já a região Norte vai contar com 289 novos médicos de diferentes especialidades para as áreas hospitalar, cuidados de saúde primários e saúde pública. Ao todo, o Governo autorizou a abertura de concurso para 856 médicos de várias especialidades hospitalares, sendo 17 delas para a área da saúde pública.

Nos últimos dias, várias estruturas médicas tinham contestado a contratação de médicos aposentados para o SNS antes da abertura dos concursos para os recém-especialistas que concluíram há meses a sua formação.

Ordem dos Médicos, Sindicato Independente dos Médicos, Federação Nacional dos Médicos e Associação das Unidades de Saúde Familiar exigiam que a contratação de médicos aposentados só fosse feita após a colocação dos mais de mil médicos recém-especialistas que concluíram a sua formação especializada há mais de três meses.

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