Governo quer electrificação da Linha do Douro concluída em Março

A empreitada de conclusão da electrificação da Linha do Douro, entre Caíde e Marco de Canaveses, hoje consignada e orçada em dez milhões de euros, vai estar concluída em Março de 2019, prometeu hoje o ministro do Planeamento.

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LUSA/OCTÁVIO PASSOS

A empreitada de conclusão da electrificação da Linha do Douro, entre Caíde e Marco de Canaveses, hoje consignada e orçada em dez milhões de euros, vai estar concluída em Março de 2019, prometeu hoje o ministro do Planeamento.

"Hoje, aqui, não trouxemos um 'power point', trouxemos a consignação da obra. O prazo para o empreiteiro começou a contar hoje. Ele tem que ter concluídos os trabalhos até Março de 2019", afirmou Pedro Marques, em declarações aos jornalistas.

Falando após a cerimónia de consignação da empreitada realizada na estação ferroviária de Marco de Canaveses, o ministro disse estar convencido que "a obra finalmente chegará ao fim e as populações, percebendo ainda agora a angústia, verão que valeu a pena esperar".

A electrificação daquele troço da linha do Douro, que permitirá a chegada dos comboios urbanos do Porto a Marco de Canaveses, está prevista e prometida pelos sucessivos governos há mais de uma década.

Em 2014, a obra chegou a arrancar, mas problemas com os projectos e com as dificuldades do empreiteiro levaram à suspensão dos trabalhos e resolução do contrato em 2017, já com o actual executivo, provocando descontentamento nos utentes.

"Compreendo essa descrença das populações. O melhor exemplo que posso dar de que esta obra se vai mesmo fazer é o facto de estarmos a realizar obras em todas as linhas ferroviárias nacionais. Já não estamos só a fazer projectos", acentuou.

Recentemente, a Infraestruturas de Portugal (IP) procedeu a mudanças nos projectos iniciais, nomeadamente nas partes relativas ao rebaixamento de três túneis ferroviários, e foi lançado novo concurso, cuja empreitada foi hoje consignada.

No entanto, esta mudança nos projectos não contemplou qualquer aumento das velocidades no troço intervencionado pelo que, após as obras, os comboios continuarão a circular limitados às velocidades máximas de 80 e 90 Km/hora. No futuro, qualquer tentativa do aumento de velocidade obrigará a novas obras e à deslocalização dos postes da catenária.

A obra vai obrigar à supressão da circulação ferroviária nos últimos três meses, na totalidade daquele troço de 14,4 quilómetros, solução que, segundo o Governo, vai permitir reduzir em cinco meses a duração da empreitada e garantir também uma redução de 40% do seu custo. Naquele período, a ligação entre as duas estações vai ser garantido por transporte rodoviário.

Também durante esse período a linha do Douro entre Marco de Canavezes e Pocinho ficará cortada do resto da rede ferroviária nacional, prevendo a CP diminuir a oferta naquele troço. Em aberto está ainda a resolução do problema da manutenção dos comboios, estando prevista a instalação de oficinas provisórias na Régua. Questionada pelo PÚBLICO, a CP não respondeu se a Infraestrutura de Portugal irá indemnizar a transportadora pelas perdas de tráfego que as obras vão gerar e pelos sobrecustos da manutenção do material circulante.

De acordo com o Plano de Investimentos Ferroviários "Ferrovia 2020", as obras hoje consignadas deveriam estar terminadas em finais de 2016. E a modernização do troço seguinte, entre Marco e a Régua (um investimento de 46,6 milhões de euros) já deveria ter sido iniciada, mas o projecto derrapou para o horizonte 2020/30. Já o troço entre Régua e Pocinho não parece ter caído nas boas graças da Infraestruturas de Portugal nem do Governo porque não está previsto qualquer investimento.

A 6 de Fevereiro, o PÚBLICO divulgava um estudo da Infraestrutura de Portugal que fundamentava a reabertura da linha do Douro até Barca d’Alva, num investimento estimado em 43 milhões de euros, podendo este corredor ferroviário – se reaberto também do lado espanhol – ser uma alternativa à Beira Alta para o transporte de mercadorias entre Leixões e Espanha e França. O mesmo estudo justificava ainda este investimento com o minério de Neves Corvo e o boom do turismo, que continua a aumentar no Vale do Douro.

Actualizado às 19h15 com mais informação

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