Brigitte Nielsen foi mãe aos 54 anos

Debate sobre mães mais velhas reaberto com caso da actriz.

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Heinz-Peter Bader/Reuters

Quando é que é tarde demais para se ser mãe? A actriz Brigitte Nielsen teve o seu quinto filho aos 54 anos, reabrindo o debate sobre o crescente número de mulheres que usam a fertilização in vitro para conseguir ter filhos mais tarde. Os especialistas em fertilidade dizem que a idade média das mães está a aumentar em todo o mundo, com as mulheres a recorrer cada vez mais a tratamentos de fertilidade para prolongar a sua idade fértil.

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A actriz dinamarquesa, que ficou conhecida por ter contracenado e casado com Sylvester Stallone na década de 1980, teve uma menina ainda em Junho e é casada com o produtor italiano Mattia Dessi, de 39 anos. O britânico Guardian cita-a declarando que foi alvo de críticas pela sua decisão e que ninguém o faria se ela fosse homem. “Algumas mulheres pensam: 'Oh meu Deus, estou velha demais'”, declarou Nielsen à People. “Quantos homens têm os seus primeiros filhos ao 60 e 70 anos e nunca são postos em causa?”, pergunta.

Alguns defendem que os filhos devem nascer quando as mães são mais jovens, mas outros compreendem as justificações para se adiar a maternidade. “Devemos confiar nas mulheres para tomarem essa decisão por si próprias”, declara Katherine O'Brien, responsável da organização British Pregnancy Advisory Service (BPAS), uma instituição de caridade. “O que precisamos é de um serviço de saúde que apoie as decisões que as mulheres tomam, em vez de tentar convencê-las a adoptar crianças num momento que não é adequado para elas”, acrescenta à Reuters.

Nielsen revelou que concebeu usando óvulos que congelara aos 40 anos, uma escolha cada vez mais popular entre as mulheres que procuram prolongar os seus anos férteis. Dado que a quantidade e a qualidade dos óvulos diminuem com a idade – a probabilidade de a actriz conseguir engravidar era de 3 a 4%, confessou a própria –, a maioria das mulheres que tentam conceber entre os 40 e os 50 anos deveria ser aconselhada a usar óvulos de uma dadora mais jovem.

Uma análise recente aos tratamentos de fertilidade em 1279 instituições europeias revelou que, em 2014, quase um terço dos nascimentos através da doação de ovos foram em mulheres com 40 ou mais anos. “Existe uma tendência mundial para as mulheres escolherem ter filhos mais tarde”, declara Richard Kennedy, presidente da Federação Internacional das Sociedades de Fertilidade, ouvido pela Reuters. “Certamente, na Europa Ocidental são escolhas pessoais: são os estilos de vida, mulheres que exercem as suas profissões e escolhem adiar a maternidade até aos 30 ou 40 anos", continua, acrescentando que engravidar aos 50 anos “não é algo que deva ser encorajado”, lembrando problemas como o aumento do risco de problemas cardíacos durante a gravidez.

Para Katherine O'Brien o debate em torno da fertilidade “ignora a realidade da vida das mulheres”. Referindo-se a um inquérito feito pela BPAS, cita as suas conclusões: as mulheres sabem que a fertilidade declina com a idade, mas muitas vezes adiam ter filhos por razões práticas como a preocupação com a estabilidade financeira ou o impacto nas suas carreiras. “O facto de as mulheres poderem ter filhos nessa fase da sua vida deve ser celebrado”, considera. “Aponta-se o dedo às mulheres e ignora-se que, na maioria dos casos, a decisão é tomada por duas pessoas”, conclui.

Nielsen lembra que este é o primeiro filho do marido com quem está desde 2006. “Estamos muito felizes. Nós temos um relacionamento sólido. Já estamos juntos há 14 anos.”

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