May põe ministro do "Brexit" na ordem: não é preciso armazenar comida

“Isto não tem nada a ver com açambarcamento", esclareceu a primeira-ministra.

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Theresa May, primeira-ministra britânica Reuters/POOL

Theresa May foi obrigada a pôr o ministro para o "Brexit", Dominic Raab, em ordem — é que, ao contrário dos comentários feitos por ele a propósito dos planos de contingência para o cenário pós-saída da União Europeia, não vai haver falta de comida no Reino Unido e não é necessário açambarcar nem víveres nem medicamentos.

Não vai faltar nada, garantiu May, nesta quarta-feira. Coincidência ou não, foi pouco depois das declarações de Raab que a primeira-ministra assumiria o controlo das negociações com Bruxelas.

Numa entrevista ao canal de televisão 5News, Theresa May garantiu aos britânicos que podem estar “seguros e tranquilos” sobre as negociações com Bruxelas. Há planos para fazer frente a uma saída da União Europeia sem acordo - e deles fazem parte os planos de contingência sectoriais que estão a ser feitos; Rabb comentou o relativo a alimentos e medicamentos. “Isto não tem nada a ver com açambarcamento. Apenas queremos ter a certeza que vamos continuar o que é preciso assim que sairmos da União Europeia, se sairmos sem acordo”, esclareceu May.

Ao contrário do que disse Dominic Raab, não haverá falta de comida. O ministro baseou os seus comentários num dos relatórios sectoriais, divulgados pelo Governo, e que pintam um possível cenário pós-"Brexit" sem acordo (o chamado "hard Brexit". 

Mais tarde, o próprio ministro admitiu que o risco de o país ficar sem provisões é mínimo e que o Governo não está a acumular. Também reconheceu a necessidade de trabalhar com a indústria de forma a assegurar os stocks. “Claro que a ideia de que só importamos alimentos de um continente [o europeu] não é apropriada”, disse Raab na terça-feira, citado pelo Guardian.

As declarações de Raab foram objecto de piadas vindas de vários sectores. O secretário de Estado para o "Brexit", Martin Callanan, não o fez mas desvalorizou as declarações a sugerir que o Reino Unido pode não ter o que comer: “Parece-me uma história ridícula para assustar as pessoas. Há muitos países fora da União Europeia que conseguem alimentar os seus cidadãos sem o benefício dos acordos com a União”.

Quanto aos medicamentos, o ministro da Saúde, Matt Hancock, fez saber na terça-feira aos deputados que o Departamento de Saúde e Serviço Social está a trabalhar com indústria farmacêutica de forma a garantir o armazenamento de medicamentos e dispositivos médicos.

“Estamos a trabalhar com o Governo para assegurar que o sector da saúde e a indústria estão preparados e que a saúde das pessoas será salvaguardada no caso de um 'Brexit' sem acordo”, disse Hancock, citado pela BBC. Acrescentou esperar que se alcance um acordo com Bruxelas nos prazos - a proposta de May é de um "soft Brexit", ou seja com acordos de comércio.

Londres e Bruxelas têm de chegar a um acordo até Outubro para organizar a saída e lançar as bases das relações futuras, mas em Bruxelas há a preocupação de que as discussões internas em Londres não permitam chegar a acordo dentro dos prazos

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