A Grécia faz lembrar Portugal

A necessidade europeia de uma protecção civil rápida e ágil não pode ser apenas uma intenção.

Em Portugal, em 2003 e 2017, incêndios de grandes proporções causaram, na totalidade, cerca de 130 mortos e centenas de feridos, destruíram casas, fábricas e milhares de hectares de floresta. Na Grécia, em 2007 e 2010, incêndios no Peloponeso e na parte ocidental do país provocaram um número superior de vítimas mortais e efeitos igualmente devastadores. A catástrofe grega dos últimos dias faz lembrar Portugal. As chamas próximas de Atenas remetem para os incêndios que em Agosto de 2016 mataram três pessoas nas imediações do Funchal. Automóveis em fuga ou carbonizados, as chamas brutais, rápidas e imparáveis perante a impotência do combate aos fogos, famílias encontradas mortas ou até as circunstâncias climáticas fazem-nos lembrar o incêndio de Pedrógão Grande. Para uns, felizmente, havia o mar, como para muito poucos havia um tanque com água. Se, no caso nacional, os incêndios devastaram o interior abandonado e desvalorizado, no caso grego concentraram-se no litoral ocupado e valorizado, mas recheado de casas sem licença, na ausência de planeamento ou de planos de evacuação. Muito provavelmente, a Grécia também se debaterá, não tarda nada, com a discussão sobre por que é isto voltou a acontecer e de quem é a culpa. Sim, a Grécia vai fazer lembrar Portugal.

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Em Portugal, em 2003 e 2017, incêndios de grandes proporções causaram, na totalidade, cerca de 130 mortos e centenas de feridos, destruíram casas, fábricas e milhares de hectares de floresta. Na Grécia, em 2007 e 2010, incêndios no Peloponeso e na parte ocidental do país provocaram um número superior de vítimas mortais e efeitos igualmente devastadores. A catástrofe grega dos últimos dias faz lembrar Portugal. As chamas próximas de Atenas remetem para os incêndios que em Agosto de 2016 mataram três pessoas nas imediações do Funchal. Automóveis em fuga ou carbonizados, as chamas brutais, rápidas e imparáveis perante a impotência do combate aos fogos, famílias encontradas mortas ou até as circunstâncias climáticas fazem-nos lembrar o incêndio de Pedrógão Grande. Para uns, felizmente, havia o mar, como para muito poucos havia um tanque com água. Se, no caso nacional, os incêndios devastaram o interior abandonado e desvalorizado, no caso grego concentraram-se no litoral ocupado e valorizado, mas recheado de casas sem licença, na ausência de planeamento ou de planos de evacuação. Muito provavelmente, a Grécia também se debaterá, não tarda nada, com a discussão sobre por que é isto voltou a acontecer e de quem é a culpa. Sim, a Grécia vai fazer lembrar Portugal.

Como esta segunda-feira se escrevia no PÚBLICO, o anticiclone dos Açores, uma espécie de Adamastor que nos ensombra os boletins meteorológicos, foi responsável pelo mês de Julho com as temperaturas mais baixas dos últimos 30 anos, bem distintas dos últimos Verões, e explica a inversão do calor excessivo entre a península e o Norte da Europa, para desespero dos escandinavos. Portugal anda orgulhoso do seu anticiclone e da existência de meios de combate a fogos em quantidade suficiente para o combate interno e para a solidariedade europeia.

O anticiclone dos Açores resolveu qualquer questiúncula com os Kamov, serenou o Presidente e o Governo, em especial o ministro da Administração Interna, e quem vive no deserto português. Não precisamos da Fase Charlie, nem da Bravo, tão-pouco. Basta-nos a sorte do anticiclone e a sensatez do envio solidário de bombeiros para a Grécia e de meios aéreos para a Suécia: é mais fácil que os 28 se auxiliem numa emergência deste género do que no salvamento de refugiados no Mediterrâneo. A este ritmo e com estas consequências, a necessidade europeia de uma protecção civil rápida e ágil não pode ser apenas uma intenção.