Apesar da multa de Bruxelas, resultados do Google impressionam o mercado

Contas do segundo trimestre de 2018 agradaram a Wall Street. As acções valorizaram

Foto
O presidente executivo do Google destacou o investimento do Google na inteligência artificial Reuters/Arnd Wiegmann

A empresa-mãe do Google, a Alphabet, reportou 8266 milhões de dólares de lucro para os meses de Abril, Maio e Junho. Ao considerar o valor da multa da Comissão Europeia, porém, o valor passa para 3195 milhões de dólares (uma descida de quase 10% face aos meses de 2017). Os investidores mantêm-se, no entanto, impressionados com o volume de receitas do segundo trimestre de 2018, que superaram as expectativas dos analistas de Wall Street:  32.657 milhões de dólares, com a esmagadora maioria (86%) a virem das receitas de publicidade do Google. Os resultados consolidados da empresa-mãe reflectem um aumento de 26% nas receitas face ao trimestre homólogo de 2017. As receitas do Google isoladamente aumentaram 24% para o mesmo período. As acções da Alphabet valorizaram mais de 4% na manhã de terça-feira. 

Os números foram apresentados na segunda e mostra que a multa imposta este mês, pela Comissão Europeia, no valor de 4340 milhões de euros mexeu com os resultados contabilísticos, que tiveram de ser ajustados. O Google tencionar recorrer da decisão da Comissão Europeia, que sancionou a empresa por medidas anticoncorrencias, mas teve de colocar de parte 5000 milhões de dólares, o montante que poderá ter de pagar devido a práticas ilegais em torno do sistema operativo móvel Android (instalado em 80% dos telemóveis dos utilizadores europeus).

“Vamos recorrer da decisão da Comissão através dos meios que estão ao nosso dispor. Mas também queremos encontrar uma solução que, acima de tudo, preserve os enormes benefícios do Android para os utilizadores”, esclareceu o presidente executivo do Google, Sundar Pichai, na apresentação dos resultados. “Ainda é muito cedo para especular sobre o efeito” da coima nas finanças da empresa, acrescentou.

A Comissão Europeia continua a investigar a possibilidade da plataforma de anúncios do Google, a AdSense, impor restrições a sites de terceiros para não mostrarem anúncios associados às pesquisas provenientes de concorrentes da empresa. É com dos anúncios que o Google obtém grande parte das suas receites. Este trimestre, trouxeram 28.087 milhões em receitas, mais 24% do que no período homólogo. 

Durante a apresentação de resultados, Sundar Pichai optou por focar-se no investimento em inteligência artificial, anunciando que há algoritmos a serem treinados para construir mapas sozinhos, e que até ao final do ano a Google Assistant, a assistente pessoal do Google, deve estar preparada para falar mais de 30 línguas. “Temos estado a trabalhar com parceiros para expandir o número de dispositivos inteligentes que estão disponíveis com a assistente, desde maçanetas, secadores, frigoríficos, e mais”, diz Pichai.

Os resultados apresentados esta semana incluem ainda os valores das “outras apostas” da Alphabet, como a fabricante de carros autónomos Waymo e o laboratório experimental X (encarregado de um projecto para levar WiFi a zonas remotas através de um balão de ar quente).

Embora as receitas destas iniciativas cheguem aos 145 milhões de dólares (mais 49% do que em 2017), as perdas aumentaram para 732 milhões de dólares (mais 16% face a 2017). O investimento da empresa nestas áreas não é novidade, com a Alphabet a frisar que vê estes esforços como uma forma de tentar encontrar o próximo negócio milionário.

Correcção às 17h09 de 24/07/2018: Clarificado que a multa do Google não se traduz em gasto, como estava escrito na primeira versão, visto que a multa ainda está em disputa judicial.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários