Vendas de azeite para o estrangeiro aceleram e impulsionam saldo comercial

Nos primeiros sete meses da campanha oleícola, iniciada em Outubro, as vendas de azeite para fora do país atingiram 382,3 milhões de euros.

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ADRIANO MIRANDA

Entre Outubro de 2017 e Abril deste ano – os primeiros sete meses da campanha oleícola – Portugal exportou 382,27 milhões de euros de azeite (dos quais 306 milhões de euros de azeite virgem e virgem extra) e importou 261,78 milhões de euros. Face a igual período do “exercício” oleícola de 2016/2017 – que arranca em Outubro e termina em Setembro do ano seguinte – registou-se assim um crescimento de 46% das exportações e de 20% das importações, em valor.

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Entre Outubro de 2017 e Abril deste ano – os primeiros sete meses da campanha oleícola – Portugal exportou 382,27 milhões de euros de azeite (dos quais 306 milhões de euros de azeite virgem e virgem extra) e importou 261,78 milhões de euros. Face a igual período do “exercício” oleícola de 2016/2017 – que arranca em Outubro e termina em Setembro do ano seguinte – registou-se assim um crescimento de 46% das exportações e de 20% das importações, em valor.

Em volume, as 95,35 mil toneladas vendidas de azeite ao exterior, entre Outubro de 2017 e Abril de 2018, representaram um crescimento de 32% face às 72,28 mil toneladas de azeite exportadas em igual período da campanha de 2016/17. E, numa conta simples, quer dizer que Portugal conseguiu vender o azeite mais caro na última campanha: quatro euros por quilo de azeite exportado até Abril de 2018, face aos 3,62 euros por quilo obtidos nos sete meses até Abril de 2017.

A análise dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) é da responsabilidade do SIMA – Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (do GPP – Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral). E, salienta ainda outro ponto: é que ao conseguir vender mais e mais caro ao exterior, Portugal obteve nos sete meses em análise um saldo comercial em azeite, positivo, de 171,4 milhões de euros – quase o dobro do saldo homólogo, que estava em 86,08 milhões.

O INE estima que, na totalidade de 2017, Portugal tenha exportado 495,46 milhões de euros em azeite (dos quais 430,82 milhões de euros de azeite virgem) e importado outros 351,06 milhões, o que resulta num saldo positivo de 144,4 milhões de euros.

Melhor campanha desde 1915

A colheita iniciada no ano agrícola de 2017 e terminada nos primeiros meses de 2018 foi histórica para a produção de azeite em Portugal – o INE disse-o ainda na semana passada, nas últimas Estatísticas Agrícolas. Conta o instituto de estatística que “a produção de azeite ultrapassou 1,47 milhões de hectolitros [mais 94,1% face a 2016], correspondendo à campanha mais produtiva desde 1915” – “ano a partir do qual existem registos sistemáticos” no país, explica.

No total da campanha 2017/2018, o SIMA, com base no SIAZ – Sistema de Informação do Azeite e Azeitona de Mesa, extrapolando a amostra recolhida em 137 lagares do país, calcula que “o volume de produção nacional de azeite se situe entre 125 e 130 mil toneladas”. O Alentejo, que desde 2009 “passou a produzir mais de metade do azeite nacional”, à conta do regadio possibilitado por Alqueva, passará o seu peso na produção nacional de 75% para 78% este ano.

A estimativa do SIMA aproxima-se da previsão que o Conselho Oleícola Internacional (COI) fez, em Abril passado, para a actual campanha em Portugal: um aumento da produção em 80,1%, para 125 mil toneladas de azeite. O país continuará, dentro da UE, a ser o quarto maior produtor: apesar de para Espanha o COI prever uma redução de 3%, é lá que serão produzidas 1,25 milhões de toneladas; em Itália – cuja oferta foi fortemente penalizada na campanha anterior - a produção deverá melhorar em 137%, para 432 mil toneladas; e, na Grécia, a perspectiva é de a oferta crescer 64,1%, para 320 mil toneladas. Fora do bloco económico europeu, a Tunísia manterá a liderança, com as 280 mil toneladas de azeite estimadas (mais 180%%). 

Preços sofrem corte de 30% num ano

“Em 2016”, recorda o INE, “a produção nacional de azeite registou um decréscimo de 23,2% em relação a 2015, ano em que tinha atingido um máximo de produção de 99 mil toneladas”. Registou-se assim “uma alternância característica na olivicultura; a seguir a um ano de produção mais elevada (safra), que ocorreu em 2015, segue-se com frequência um ano de mais baixa produtividade (contrassafra), como aconteceu em 2016”.

Portugal não foi o único – Itália bateu mínimos históricos de produção -, a procura de consumidores novos (por adição de geografias e por mudanças de estilo de vida com reflexos na alimentação) continuou a progredir e, como previsível, os preços mundiais protagonizaram um movimento especulativo. Em Março de 2017, segundo o COI, Itália estava a pagar mais de seis euros por cada quilo de azeite virgem extra aos seus produtores (depurados de subsídios e impostos, excepto quando se aplica a dedutibilidade do IVA). Um ano depois, o mesmo indicador estava nos quatro euros, tendo subido desde então: estava, no final de Junho, em 4,21 euros por quilo (Kg) na produção, em Itália (menos 28% face a igual semana de 2017); 2,72 euros/Kg em Espanha (menos 30%); 2,58 euros/kg na Grécia (menos 31%); e 3,43 euros/kg na Tunísia (menos 18%).

A estimativa de produção mundial estava em Abril passado, segundo o COI, em 3,27 milhões de toneladas de azeite - incluindo extra virgem (menos de 0,8gr de acidez por 100gr de produto), virgem (menos de 2gr), lampante (aceite virgem com mais de 2gr de acidez) e refinado (obtido por refinação de azeite virgem) e azeite (virgem e refinado) - e o consumo mundial deverá continuar a crescer, desta feita 8%, para 2,95 milhões de toneladas. Em Portugal, cada habitante tem uma média de consumo de azeite de 7,1 quilos per capita (dados de 2016).