Pela primeira vez, uma novela gráfica pode vencer o Man Booker Prize

Os 13 livros candidatos ao prémio literário britânico foram anunciados e, pela primeira vez em 50 edições, uma novela gráfica está entre os nomeados: Sabrina, de Nick Drnaso. Michael Ondaatje volta a fazer parte da lista.

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Capa de Sabrina, de Nick Drnaso

Os 13 livros candidatos ao prémio literário Man Booker foram anunciados esta segunda-feira e, pela primeira vez, uma novela gráfica está entre os nomeados. Sabrina, do escritor norte-americano Nick Drnaso, impressionou o júri, que descreveu o livro como “oblíquo, subtil e minimalista” e realçou que a chegada de uma novela gráfica à lista dos nomeados era uma “questão de tempo”.

Ao fim de 50 anos, o livro sobre as 24 horas que se seguem ao desaparecimento de uma mulher e que aborda a problemática das “fake news” marca, pois, a estreia das novelas gráficas nas listas de candidatos àquele que é considerado o galardão mais importante da literatura de língua inglesa.

O painel seleccionou 13 títulos de um total de 171 obras – o maior número de admissões desde a primeira edição, em 1969 –, de onde se destaca também o nome de Michael Ondaatje, com o seu sétimo e mais recente romance, Warlight. Este mês, o escritor canadiano fora já distinguido com o Golden Man Booker para melhor trabalho de ficção premiado em todas as edições do galardão, com O Paciente Inglês (1992, com edição portuguesa da Dom Quixote), celebrizado no grande ecrã pelo realizador Anthony Minghella.

A Ondaatje juntam-se três outros nomes conhecidos na história do galardão, como Esi Edugyan, finalista em 2011, com Washington Black; Donal Ryan (From A Low And Quiet Sea); Richard Powers (The Overstory), respectivamente nomeados em 2013 e 2014.

A lista de nomeados para o próximo prémio inclui ainda quatro autores com menos de 30 anos e quatro estreias: o romance em verso The Long Take, do poeta escocês Robin Robertson; The Water Cure, de Sophie Mackintosh; In Our Mad And Furious City, de Guy Gunaratne; e Everything Under, de Daisy Johnson.

Aos 27 anos, Daisy Johnson e Sally Rooney (com Normal People) são as nomeadas mais jovens e foram elogiadas pelo júri por “olharem o mundo do ponto de vista da sua idade”, transmitindo “um sabor muito diferente” nas suas obras.

É também a primeira vez que livros inicialmente publicados na Irlanda são elegíveis para o prémio máximo de 50 mil libras (cerca de 56 mil euros).

De uma lista com seis autores do Reino Unido, três dos Estados Unidos e dois da Irlanda e do Canadá, a lista completa-se com Snap, de Belinda Bauer; Milkman, de Anna Burns; e Rachel Kushner, com The Mars Room.

O júri é composto pelo filósofo Kwame Anthony Appiah, pelas escritoras Val McDermid e Jacqueline Rose, pelo crítico Leo Robson e pela artista Leanne Shapton. “Todos estes livros – que abordam a escravatura, ecologia, desaparecidos, violência urbana, amor jovem, prisões, trauma e raça – retratam algo sobre um mundo na berlinda. Entre as suas muitas qualidades está uma vontade de correr riscos com a forma”, afirmou o presidente do júri, Kwame Anthony Appiah.

Os seis finalistas do Man Booker Prize vão ser anunciados no dia 20 de Setembro e têm direito a um prémio de 2500 libras (cerca de 2800 euros) e a uma edição encadernada especial do livro. O vencedor será revelado no dia 16 de Outubro, em Londres.

Na edição do ano passado, o prémio máximo foi atribuído a Lincoln In The Bardo, o primeiro romance do norte-americano George Saunders, centrado na morte de um dos filhos de Abraham Lincoln e editado em Portugal pela Relógio d'Água. A organização do Man Booker Prize avança que na semana seguinte ao anúncio do vencedor, as vendas de Lincoln In The Bardo aumentaram 1227%.

Texto editado por Sérgio C. Andrade

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