É o Tejo que encanta os espanhóis Rosa e Javier

Rosa Cullell Muniesa é administradora delegado do grupo Media Capital. Javier Martín del Barrio é jornalista e correspondente do El País em Portugal. O casal vive há sete anos em Lisboa.

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Nuno Ferreira Santos

Rosa gosta do Chiado, da Rua da Junqueira e dos seus palácios escondidos dos olhares do público. Javier gosta de Marvila e dos velhos armazéns. Rosa gosta de restaurantes de luxo e já suspira pelo antigo Vela Latina, que hoje serve sushi. Javier gosta de andar de tasca em tasca. Rosa deixa-se deslumbrar pelas igrejas e pelos seus altares. Javier pelas catedrais do futebol. Rosa Cullell Muniesa é administradora delegado do grupo Media Capital. Javier Martín del Barrio é jornalista e correspondente do El País em Portugal. Rosa e Javier são um casal há mais de 30 anos e vivem em Lisboa desde 2011 – ela chegou primeiro, ele em 2014 – há sete anos e o seu Portugal preferido é Lisboa, mais precisamente o Tejo.

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Rosa gosta do Chiado, da Rua da Junqueira e dos seus palácios escondidos dos olhares do público. Javier gosta de Marvila e dos velhos armazéns. Rosa gosta de restaurantes de luxo e já suspira pelo antigo Vela Latina, que hoje serve sushi. Javier gosta de andar de tasca em tasca. Rosa deixa-se deslumbrar pelas igrejas e pelos seus altares. Javier pelas catedrais do futebol. Rosa Cullell Muniesa é administradora delegado do grupo Media Capital. Javier Martín del Barrio é jornalista e correspondente do El País em Portugal. Rosa e Javier são um casal há mais de 30 anos e vivem em Lisboa desde 2011 – ela chegou primeiro, ele em 2014 – há sete anos e o seu Portugal preferido é Lisboa, mais precisamente o Tejo.

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Lisboa, a tua e a minha é o livro publicado pela editora Objectiva de que Rosa Cullel Muniesa e Javier Martín del Barrio são os autores e que descreve uma cidade que o casal foi descobrindo ao destes sete anos. Numa escrita escorreita, informativa – há muitos factos e histórias que os lisboetas desconhecerão – e divertida – Javier lembra que no tempo em que as portuguesas tinham bigode, um dos mitos que continua firme no país vizinho, também as espanholas o teriam, que foi no tempo das suas avós –, o casal vai percorrendo as ruas, os bairros, as lojas, os monumentos, os restaurantes, em suma, todos os espaços que os fazem parar e apaixonar-se cada vez mais pela cidade.

Rosa Cullell Muniesa chegou a Lisboa para administrar a Media Capital. Então, foi um período de mudança na sua vida: deixar os filhos já crescidos, a mãe que começa a envelhecer e os amigos de Barcelona e de Madrid. “Por um lado, estás a perder a tua vida, mas por outro estás a libertar-te! É uma sensação de recomeçar, uma oportunidade bestial e achei tudo uma diversão! Tudo era novo”, conta com entusiasmo ao P2. Antes mesmo de chegar, a administradora já sabia que queria viver numa casa no centro de Lisboa, com vista para o rio. Era uma casa pequena, num último andar, com um quarto e um terraço com vista desafogada, na Rua da Emenda. “Era um lugar romântico”, resume Rosa. Era o Chiado de Eça de Queirós que a atraia. “Comecei a ler Eça na universidade. É o grande romancista europeu, melhor que Flaubert. Quando cheguei, consegui ir aos mesmos sítios onde ele viveu e [sobre os quais] escreveu. Os meus primeiros meses foram pouco reais e muito literários”, brinca.

Hoje, Rosa sente-se mais lisboeta e gosta de outros bairros. “Adoro a Ajuda! É diferente, é mais bairro, onde as pessoas falam. Há a mercearia… As pessoas são já muito idosas e estou com medo que fique tudo nas mãos dos turistas”, preocupa-se a antiga jornalista, que começou na imprensa escrita antes de ir para a televisão. Javier lembra que agora conhecem melhor Alvalade e que seria um bairro a incluir no livro. “A cidade está a mudar continuamente”, constata. “Neste momento somos fascinados pela Ajuda e por Alvalade”, completa a mulher.

Mas é o Tejo que os encanta. Trocaram a vista do rio por um jardim no Restelo, onde vivem actualmente, mas é para a beira-rio que correm ao final do dia. “Estamos mais perto do rio e é muito tranquilo. Vamos todos os dias para o rio. Esta é a grande diferença desta cidade [para as outras]: este rio é o mar!”, exalta Rosa, abrindo os braços. Mais comedido, Javier acrescenta que falta uma ciclovia que ligue o Parque das Nações a Cascais. “É o meu sonho”, confessa. Enquanto isso não acontece, o casal tem a sua rotina que começa junto à Torre de Belém e pode ir até Marvila, às vezes fica-se pelo Cais do Sodré e passa por monumentos, pela ponte 25 de Abril, por muitos dos restaurantes de que gostam, pelos museus – o de arte moderna, o MAAT, e o de arte antiga, o MNAA –, o atelier de Joana Vasconcelos, as discotecas, a praia urbana junto à Ribeira das Naus, o Cais das Colunas… e por aí adiante. “Eu gosto de andar à beira de água”, confessa Javier que troca Lisboa pela margem sul, mais concretamente pelas caminhadas na praia. Na Costa da Caparica “vou até à Fonte da Telha ou mais ainda! Faço muitos quilómetros”, informa.

O livro tem sido um sucesso, caminha para a segunda edição e está já pensada a tradução para espanhol e francês, a pensar nos turistas. Portugal é um país que tem “coisas que deviam manter-se e acarinhar-se”, conclui Rosa, desejosa que se aprenda com os erros que outras cidades fizeram relativamente ao turismo de massas e se consiga preservar as “coisas autênticas”. O casal consegue imaginar-se noutros pontos do mundo, o trabalho decidirá onde poderão morar, mas o regresso a Lisboa é unânime. “Quando vou a Madrid ou a Barcelona uma semana, começa a faltar-me Lisboa”, termina Javier.