Não basta desmascarar, o CDS quer arredar o PS do governo

Assunção Cristas foi ao encerramento do congresso do CDS-Madeira falar do designo nacional do partido: derrotar António Costa e as esquerdas unidas.

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Cristas com Rui Barreto, candidato único ao congresso e novo líder do CDS/Madeira HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Um Governo com o tempo esgotado, que conta uma história e faz o seu contrário, e em que os números ´desmentem a realidade. A visão de Assunção Cristas sobre o executivo de António Costas foi este domingo sublinhada no Funchal, durante o encerramento do XVII Congresso do CDS-PP/Madeira, que elegeu Rui Barreto como novo líder regional do partido.

“Quando olhamos sector a sector da governação, o que nós percebemos é que na verdade tem havido aqui um engano sistemático, um logro permanente”, disse a presidente do CDS, acrescentando que os números, “claríssimos”, mostram que nem no tempo da troika ou da bancarrota o país estava tão mal como agora.

Cristas pega na saúde para apontar as “contradições” do Governo. “Temos os piores números de sempre no que respeita à dedicação do Orçamento do Estado a este sector”, resumiu, sustentando que enquanto há um ano as administrações hospitalares demonstravam “alguma complacência” com a situação, agora já não calam as queixas. “Hoje é o próprio presidente da associação dos gestores hospitalares [Alexandre Lourenço] que vai para a comunicação social dizer que nunca houve uma fatia de despesa tão baixa para a saúde como a deste Governo.”

Não é, continuou a líder centrista, uma invenção do CDS, nem uma invenção da oposição, são números claríssimos que mostram que a realidade é bem diferente da ideia que António Costa tem tentado vender ao país. E, acrescentou, os problemas agravam-se com “medidas tomadas sem pensar no dia seguinte”, como as 35 horas semanais.

“Nós alertámos desde a primeira hora que era preciso criar condições para isso. O que nós vemos no final é uma falha imensa nos serviços de saúde. Com camas a fechar, com cirurgias a ser adiadas, com consultas a terem de esperar, com utentes cada vez menos servidos”, afirmou, acusando o Governo de não falar a verdade às pessoas.

Numa intervenção que começou com elogios aos antigos e aos novos dirigentes do CDS na Madeira, Assunção Cristas sobrevoou o caso de Tancos – “como é possível que quase um ano e meio depois, nós continuemos envolvidos num enorme pântano?” – antes de pedir aos congressistas para apontarem um sector do país que esteja agora melhor. E, ressalvou, mesmo dentro dessas áreas – o turismo, o imobiliário ou o crescimento económico –, essa melhoria não se deve à intervenção do Governo, mas sim às medidas tomadas pelo anterior executivo.

Por isso, é com os alvos bem definidos – António Costa, as esquerdas unidas e aqueles que não acreditam na economia – que o CDS encara 2019. “O grande desígnio nacional para o CDS é aumentar fortemente – e eu não ponho aqui uma fasquia – os deputados nacionais”, disse, acrescentando que conta com os centristas madeirenses para “não só desmascarar”, como também “arredar” o Governo nacional.

Rui Barreto, que foi o único no congresso a apresentar uma candidatura à liderança, prometeu “lealdade”, mas também “frontalidade”. Barreto, que usa como uma medalha ao peito os votos contra os Orçamentos do Estado de 2013 e 2014, apresentados na altura pelo PSD e CDS, falou de um novo ciclo e um novo tempo para o partido.

“Eu acredito muito na expressão 'antes só do que mal acompanhado'. Por nela acreditar, repito aquilo que já por diversas vezes afirmei: vamos sozinhos às eleições”, afirmou, repetindo que o CDS não quer ser governo a qualquer custo.

Sobre cenários pós-eleitorais, quando as últimas sondagens indicam que nem PSD nem PS terão maioria absoluta na Madeira nas eleições regionais do próximo ano, o novo líder regional do CDS nada diz. “Não gastemos um minuto sequer nesse tipo de análise.”

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