Divulgados os documentos que faziam o FBI suspeitar que Carter Page era um espião da Rússia

Departamento de Justiça torna pública a justificação para pedir vigilância das comunicações de consultor da campanha presidencial de Trump.

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Carter Page está há muito sob suspeita Sergei Karpukhin/REUTERS

Carter Page, ex-conselheiro da campanha de Donald Trump, negou ser um espião da Rússia, depois de o Departamento de Justiça ter divulgado um pedido para gravar as suas comunicações, que dizia que ele estava envolvido em “actividades clandestinas de espionagem” para o Kremlin.

No Outono de 2016, o Departamento de Justiça norte-americano (então ainda na Administração Obama) pediu ao tribunal que autoriza os mandados de espionagem sobre cidadãos norte-americanos (o Foreign Intelligence Surveillance Court) que deixasse o FBI vigiar de perto Carter Page, por suspeitas de que o então conselheiro de Trump era um agente ao serviço do Governo russo. São os documentos que justificam esse pedido que foram agora divulgados.

Essas suspeitas já vinham de 2013, quando o FBI descobriu que Page tinha sido aliciado por agentes russos para partilhar informações importantes, mas Page negou as acusações e as investigações foram interrompidas. Mais tarde, durante as eleições presidenciais, em 2016, o FBI voltou a interessar-se por Page quando descobriu que o então conselheiro de Trump tinha viajado até à Rússia e que se preparava para voltar ao país.

Na sua primeira reacção à divulgação destes documentos, Page disse que o FBI tinha falsificado esta informação para reforçar o pedido de monitorização das suas comunicações. As acusações de que falou com cidadãos russos de informações incriminatórias sobre Hillary Clinton, que em 2016 era a candidata do Partido Democrata às eleições presidenciais norte-americanas, são “totalmente falsas”. Negou alguma vez ter discutido levantar as sanções económicas ocidentais impostas ao político russo Igor Sechin, actualmente dirigente da petrolífera Rosneft.

“Nunca fui agente de nenhuma potência estrangeira”, afirmou Page no programa da CNN State of the Union. Alegações de que era um agente ou conselheiro informal do Kremlin são “ridículas”, ou “uma piada completa”, declarou. “É um exagero. Estive em algumas reuniões. Chamar-me conselheiro é um abuso completo…Não foi nada.”

O Departamento de Justiça, num gesto histórico, divulgou uma grande quantidade de documentos que estavam classificados relacionados com o pedido de autorização para vigiar as comunicações do conselheiro da campanha de Donald Trump, depois de vários meios de comunicação social norte-americanos terem usado os tribunais para exigir acesso a esses materiais.

Os documentos estão muito rasurados, mas o pedido de mandado identifica Carter Page pelo nome e diz que foi alvo de uma acção de recrutamento pelo Governo russo. Na CNN, Page negou que o tivesse sido.

O Presidente Donald Trump usou o Twitter para afirmar que estes documentos agora divulgados sustentam a sua opinião de que o Departamento de Justiça da Administração Obama estava a fazer uma vigilância ilegal da sua campanha. “Confirmam, sem deixar espaço para dúvidas, que o Departamento de ‘Justiça’ e o FBI enganaram os tribunais. Caça às bruxas, fraude!”, tweetou.

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