Regresso de Bas Dost pode acelerar regresso de Battaglia

Depois de Bruno Fernandes, também o holandês recua para assinar por três épocas, “sem exigências”, rasgando a rescisão apresentada na sequência do ataque a Alcochete.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Quarenta dias depois de Bruno de Carvalho ter confirmado oficialmente a recepção da carta de rescisão de Bas Dost pela SAD do Sporting, o gigante holandês voltou a Alvalade para anunciar a continuidade até 2021. O goleador, sexto elemento do plantel sportinguista a romper unilateralmente com o clube na sequência do ataque de membros da Juve Leo a Alcochete, superou o trauma que viveu desde 15 de Maio, apresentando-se “confiante” ao lado de Sousa Cintra, presidente da Comissão de Gestão do Sporting.

Em conferência de imprensa, Bas Dost foi anunciado como reforço por três épocas, com uma cláusula de rescisão de 60 milhões de euros, um acordo praticamente “sem alterações relativamente ao contrato anterior”, como fez questão de salientar Sousa Cintra, que descartou qualquer tipo de exigência por parte do jogador, nomeadamente no que diz respeito à segurança pessoal.

Por seu lado, o avançado referiu que lhe foram dadas garantias nesse capítulo, descrevendo os tempos que se seguiram às agressões de que foi alvo. “O ataque a Alcochete foi muito mau. Senti muito medo e durante algum tempo não conseguia estar perto de pessoas, pois não sabia o que podia acontecer”, recordou.

“Agora não tenho medo. Não imaginava que pudesse estar aqui de novo, mas concluí que esse foi o único episódio negativo que vivi em dois anos de Sporting. Reflecti muito e cheguei a uma conclusão: este é o meu clube, por isso continuo”, declarou o holandês, cujo regresso a Alvalade — depois de Bruno Fernandes ter sido o primeiro a rever a posição e a resolver o litígio com o Sporting — deixa indicações positivas para o futuro.

Satisfeito com este desfecho mostrou-se também Sousa Cintra: “O Sporting não pode esquecer os valores importantes que tem. Isto é o regresso à família sportinguista e este é um dia muito importante para mim. Ao fim e ao cabo, ele nunca saiu”, assinalou.

Apesar de saber que só a justiça poderá, eventualmente, reparar o prejuízo provocado pelas saídas do guarda-redes internacional português Rui Patrício (vinculado aos ingleses do Wolverhampton, da Premier League) e do extremo Daniel Podense (apresentado como reforço pelos gregos do Olympiacos), os responsáveis do Sporting têm ainda esperança de reverter alguns processos de rescisão, como o do argentino Rodrigo Battaglia.

O médio contratado ao Sp. Braga poderá obter um acordo semelhante ao alcançado com William Carvalho (entretanto transferido para o Betis de Sevilha a troco de uma compensação que evitou uma batalha jurídica de consequências imprevisíveis) ou ser o próximo “arrependido” a regressar a casa, conforme garante a imprensa argentina.

Depois dos acordos com Bruno Fernandes e Bas Dost, resgatar Battaglia teria, para o Sporting, um efeito catalisador, podendo influenciar alguns dos profissionais em litígio, com natural destaque para Gelson Martins, tido como o principal activo leonino antes da crise que abalou a estrutura do clube. Rafael Leão e Rúben Ribeiro completam a lista das nove rescisões que a comissão liderada por Sousa Cintra herdou, juntamente com outras questões igualmente complexas, como a gestão corrente do clube.

Confrontado com a notícia do Expresso, que revela a existência de uma penhora das contas do Sporting no Novo Banco e na Caixa Geral de Depósitos, por dívidas na ordem dos 40 milhões de euros (relativas a IRS, Segurança Social e Fisco, entre outros credores), Sousa Cintra não fez qualquer comentário, aproveitando o momento para encerrar a conferência de apresentação de Bas Dost. A Comissão de Gestão do Sporting terá já saldado parte da dívida, apesar de cerca de metade ter ultrapassado os prazos de regularização, na tentativa de desbloquear as contas penhoradas.

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