Costa será um Guterres?

O PCP deixa o seu recado sobre o pós-2019: continuará a ter toda a disponibilidade para continuar acordos com o PS e nem sequer será preciso um papel assinado. Mas será António Costa capaz de governar com maioria relativa como fez António Guterres por mais de quatro anos?

Não a eleições antecipadas agora, nem a uma maioria absoluta do PS nas legislativas previstas para 2019. É para isso que o PCP e Os Verdes e também o BE trabalham. Todos os parceiros do Governo, depois do aviso feito por António Costa em Maio, empurram para o outro o ónus de qualquer falhanço no Orçamento que leve a legislativas antecipadas. O primeiro-ministro, recorde-se, admitiu em entrevista ao DN demitir-se caso não consiga fazer passar o OE com os votos da esquerda. Desde aí, aumentaram as juras de amor dos parceiros à "geringonça", por mais manifestações e greves que haja. Na entrevista que hoje publicamos, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, mantém que o seu partido está interessado em continuar o trabalho dos últimos três anos e que não quer transformar a discussão do OE num "elemento político de desestabilização".

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Não a eleições antecipadas agora, nem a uma maioria absoluta do PS nas legislativas previstas para 2019. É para isso que o PCP e Os Verdes e também o BE trabalham. Todos os parceiros do Governo, depois do aviso feito por António Costa em Maio, empurram para o outro o ónus de qualquer falhanço no Orçamento que leve a legislativas antecipadas. O primeiro-ministro, recorde-se, admitiu em entrevista ao DN demitir-se caso não consiga fazer passar o OE com os votos da esquerda. Desde aí, aumentaram as juras de amor dos parceiros à "geringonça", por mais manifestações e greves que haja. Na entrevista que hoje publicamos, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, mantém que o seu partido está interessado em continuar o trabalho dos últimos três anos e que não quer transformar a discussão do OE num "elemento político de desestabilização".

Isso significa que o PCP afrouxou a pressão? Não. João Oliveira é particularmente duro com o Governo quando repete que a contagem integral do tempo de serviço dos professores é um compromisso já assumido por António Costa no Orçamento do ano passado e que não lhe passa pela cabeça que o primeiro-ministro recue nesse ponto. 

Já sobre o pós-2019, o PCP também deixa o seu recado: continuará a ter toda a disponibilidade para continuar acordos com o PS e para isso nem sequer será preciso um papel assinado. Compara até essa solução com os anos da governação de António Guterres (1995-2001). Curiosamente, entrevistado aqui há duas semanas, o número 2 do Governo, Augusto Santos Silva, evitou esclarecer ("Não é tempo de responder a essa pergunta") sobre se António Costa seria capaz de governar com maioria relativa como fez Guterres, para mais depois de quatro anos de uma solução estável como veio a verificar-se ser a "geringonça". Afinal, não foi a existência de um acordo escrito que ajudou a dar mais solidez a esta solução de Governo? 

Por último, João Oliveira revela na entrevista que quando António Guterres governou com maioria relativa o PCP esteve sempre disponível para dar a mão ao PS e que só não foi mais longe porque o então primeiro-ministro não aproveitou. Afinal, foi sempre o PCP o principal instigador da "geringonça"?