Os simples

A droga de Trump é a atenção. O resto não lhe interessa. É simples. E ele também.

Donald Trump diz mal de Theresa May ao Sun. No dia seguinte, depois de se encontrar com ela, diz bem dela. Aconteceu o mesmo com Putin. Antes disse mal. Durante o encontro disse muito bem. Depois virou o bico ao prego.

Estes reviravoltas e estas incoerências, sempre rapidíssimas, têm sido interpretadas como prova da petulância de Trump. Será só isso?

Acho que Trump faz e diz tudo com um único objectivo: para que gostem dele. O narcisismo dele é o mais prosaico de todos: está obcecado com a popularidade dele.

A popularidade de Trump (entre 40 e 45 por cento), sendo inferior à média (de 53 por cento) é extraordinariamente estável. No partido republicano mantém uma percentagem de aprovação que se situa nos 90 por cento.

Quando as forças anti-Trump se levantam contra ele a aprovação republicana sobe porque não há nada que os eleitores de Trump gostem mais do que ver os liberais e os esquerdistas revoltados.  

Aconteceu o mesmo com Hillary Clinton. Quando ela chamou deplorables aos eleitores de Trump os deploráveis instantaneamente multiplicaram-se.

Trump parece amoral. Tanto lhe faz de onde vêm os votos. Só vê números à frente. Ou se ganha ou se perde - não há nada no meio. A vitória sobre Hillary Clinton viciou-o porque pode ser infinitamente evocada.

A estratégia mais inteligente dos adversários de Trump pode ser ignorá-lo ou dar-lhe razão muito de vez em quando para condená-lo com ínfimos elogios, como dizia Pope.

A droga de Trump é a atenção. O resto não lhe interessa. É simples. E ele também.

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