Polícia britânica acredita saber quem usou Novichok

Press Association diz que imagens de videovigilância e registos de entrada de estrangeiros apontam para cidadãos russos.

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A polícia a investigar o caso Reuters/Toby Melville

A polícia inglesa terá identificado os autores do envenenamento do antigo espião russo Serguei Skripal e da filha, Iulia, a 4 de Março, e segundo informações avançadas pela Press  Association nesta quinta-feira, as autoridades acreditam que os suspeitos serão de nacionalidade russa. O envenenamento foi feito com o agente nervoso tóxico Novichok, o mesmo que matou uma mulher, Dawn Sturges, de 44 anos, no início de Julho.

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A polícia inglesa terá identificado os autores do envenenamento do antigo espião russo Serguei Skripal e da filha, Iulia, a 4 de Março, e segundo informações avançadas pela Press  Association nesta quinta-feira, as autoridades acreditam que os suspeitos serão de nacionalidade russa. O envenenamento foi feito com o agente nervoso tóxico Novichok, o mesmo que matou uma mulher, Dawn Sturges, de 44 anos, no início de Julho.

De acordo com a mesma agência de notícias, "a polícia acredita que identificaram os suspeitos da autoria do ataque com Novichok através de imagens de videovigilância e cruzamento dessas imagens com registos de entrada de estrangeiros no país naquela altura [em Março]. Eles [os investigadores] têm a certeza que [os suspeitos] são russos", afirmou uma fonte não identificada à Press Association, que diz tratar-se de alguém conhecedor da investigação.

A informação surge na mesma altura em que se desenrola um inquérito à morte de uma cidadã que terá sido exposta ao mesmo veneno que atirou os Skripal para o hospital. Os investigadores admitem que o veneno que matou Dawn Sturges vem do mesmo lote do usado no que o Reino Unido classificou como a tentativa de homicídio dos Skripal, que estiveram internados em estado grave mas sobreviveram.

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Iulia Skripal foi envenenada com o pai REUTERS/Dylan Martinez

Sturges terá sido exposta a uma quantidade de Novichok dez vezes superior à dos Skripal. O companheiro de Sturges, Charlie Rowley, de 45 anos, encontra-se ainda internado em estado grave. 

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Autoridades continuam a investigar em Salisbury REUTERS/Henry Nicholls / Arquivo

A Metropolitan Police não teceu comentários sobre as investigações. Sabe-se porém que na quarta-feira levou a cabo perícias num parque da cidade de Salisbury – zona onde ocorreram ambos os casos de contaminação. Diferentes media ingleses afirmam que uma das hipóteses em cima da mesa é a que o segundo casal envenenado terá entrado em contacto com o Novichok através de um frasco de perfume que Dawn e Charlie teriam encontrado nesse parque.

Diplomacia envenenada

Este veneno foi desenvolvido na antiga União Soviética e é uma das armas químicas mais letais que se conhece. É, na verdade, uma série de químicos altamente tóxicos, que se apresenta, sob a forma de pó ou de uma pasta espessa. A substância perturba a comunicação entre o cérebro e os músculos, fazendo com que as vítimas sofram espasmos musculares contínuos, convulsões e dificuldades em respirar, acabando por morrer por asfixia.

Na altura do envenenamento, o Governo de Theresa May acusou o Kremlin de envolvimento na exposição de Iulia e Serguei Skripal ao agente Novichok, o que gerou um conflito diplomático entre Londres e Moscovo que resultou na expulsão de mais de uma centena de representantes russos colocados em diversos países da Europa e América do Norte, na União Europeia e na NATO, o que mereceu posteriormente uma resposta similar por parte de Moscovo, dando origem à mais grave crise entre a Rússia e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria.