Pela primeira vez, o camisola amarela vence no Alpe d'Huez

O líder da classificação geral triunfou ao sprint uma das mais difíceis e míticas etapas do Tour.

Fotogaleria

Foi um dia histórico aquele a que se assistiu nesta quinta-feira no topo do Alpe d’Huez, final da 12.ª etapa da edição deste ano da Volta a França. Geraint Thomas (Sky) tornou-se no primeiro camisola amarela a vencer aquela que é uma das mais míticas etapas do Tour. “É pá, Alpe d’Huez... Estou sem palavras”, disse, ainda incrédulo, o ciclista galês após cortar a linha de meta.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Foi um dia histórico aquele a que se assistiu nesta quinta-feira no topo do Alpe d’Huez, final da 12.ª etapa da edição deste ano da Volta a França. Geraint Thomas (Sky) tornou-se no primeiro camisola amarela a vencer aquela que é uma das mais míticas etapas do Tour. “É pá, Alpe d’Huez... Estou sem palavras”, disse, ainda incrédulo, o ciclista galês após cortar a linha de meta.

Thomas ficou sem palavras e deve ter ficado também quase sem fôlego depois de ter batido a concorrência nos metros finais dos 175,5km de extensão da tirada de ontem, uma das mais duras do Tour, com passagens pelo Col de Madeleine e pelo Col de la Croix de Fer, ambas acima dos 2000 metros de altitude e, sobretudo, após escalar os 13,8km da subida final, com uma inclinação média de 8,1% (que chega aos 13% no seu ponto mais inclinado). E fê-lo ao sprint!

Isto porque depois de uma escapada a solo do holandês Steven Kruijswijk (Lotto NL-Jumbo), que fugiu a 80km da meta e chegou a ter 6m15s de vantagem sobre o pelotão e a ser o virtual camisola amarela, os favoritos aceleraram o ritmo, acabando por alcançar Kruijswijk a 3,5km da meta.

Nessa altura, já Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) e Nairo Quintana (Movistar) tinham tentado — sem sucesso — a sua sorte e o grupo da frente estava reduzido a cinco corredores — Romain Bardet (AG2R), Mikel Landa (Movistar), Tom Dumoulin (Team Sunweb) e Chris Froome e Geraint Thomas (Team Sky).

Bardet foi o último a tentar chegar isolado ao topo do Alpe d’Huez — procurando juntar o seu nome ao dos outros três franceses que conquistaram a etapa nos últimos três anos — mas Chris Froome não deixou. O vencedor do Tour ripostou e alcançou o gaulês apesar dos impropérios que escutou ao longo de toda a subida, sentindo na pele a animosidade da generalidade do público por causa das suspeitas de recurso ao doping das quais só foi ilibado a poucos dias do início do Tour.

O mesmo teve que escutar Geraint Thomas, mas isso não o impediu de reagir à derradeira iniciativa de Bardet, a poucos metros da meta, acabando por se impor aos restantes quatro num pequeno sprint disputado a 1850m de altitude e após ter ultrapassado as 21 curvas da dura subida — uma das quais com o nome do Joaquim Agostinho, o único português a vencer no Alpe d’Huez (em 1979).

“Não sei o que dizer. Nunca imaginei que iria vencer hoje [ontem]. Apenas tentei seguir o Dumoulin, o Bardet e o Froome quando atacaram. Isto é simplesmente inacreditável”, declarou o galês após ter ganho a segunda etapa consecutiva do Tour e sem nunca ter atacado aquele que continua a dizer ser o homem que melhores condições tem para chegar a Paris vestido de amarelo — Chris Froome. “Talvez nos próximos dias consiga manter a camisola amarela, mas esta corrida é muito dura. Nunca sabemos como o nosso corpo vai reagir. Como já disse, continuo a correr para o Froome, ele continua a ser o líder, ele sabe como se compete numa prova de três semanas”, afirmou Thomas, agora mais líder, já que somou mais alguns segundos em relação ao seu companheiro de equipa fruto da vitória e das bonificações.

Quem não tem razões para sorrir é Vincenzo Nibali, vencedor do Tour em 2014. O italiano foi ao alcatrão quando faltavam apenas quatro quilómetros para a meta e, apesar de uma vigorosa recuperação nos metros finais, perdeu mais 13 segundos para o vencedor da tirada. “À minha frente iam dois polícias em motos mas a estrada começou a ficar muito estreita, pois não havia barreiras para afastar as pessoas e acabei no chão. Doem-me as costas e não me sinto muito bem quando estou de pé”, declarou Nibali no final.

Quem nem sequer foi para a estrada foi Rigoberto Uran (EF Education First), segundo classificado na edição do ano passado. O ciclista colombiano abandonou o Tour depois de não recuperar das lesões sofridas na queda de que foi vítima no último domingo, abandonando a corrida.