Novas infecções por VIH caíram 5,3% e mortes baixaram em 5% a nível mundial

Desde o pico da pandemia em 1996, as novas infecções caíram 47%, enquanto o número de mortes de 2004 desceu mais de 51%. No ano passado, 21,7 milhões de pessoas no mundo receberam tratamento, cinco vezes e meia mais do que há dez anos.

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Mini testes de rastreio de VIH Guilherme Marques

Um total de 1,8 milhões de pessoas contraiu o vírus da Sida no ano passado, menos 5,3% do que em 2016, enquanto o número de mortos relacionados com a doença baixou 5%, segundo estimativas da ONUSIDA.

A entidade revela no seu relatório anual sobre a evolução da pandemia publicado nesta quarta-feira que desde o pico alcançado em 1996, as novas infecções caíram 47%, enquanto o número de mortes de 2004 desceu mais de 51%.

A cobertura dos tratamentos anti-retrovirais expandiu-se, sendo que no final de 2017 tinham-nos recebido 21,7 milhões de pessoas no mundo, cinco vezes e meia mais do que há dez anos.

De acordo com o relatório, 75% das pessoas que vivem com o VIH sabem que têm o vírus e, entre elas, 79% recebem esse tipo de tratamento. Entre aquelas que são tratadas, 80% tem carga viral suprimida, o que significa que não há risco de serem transmissores da doença.

Assim, do total de infectados (36,9 milhões no final de 2017, 600.000 a mais do que um ano antes), 57% recebeu os tratamentos e 47% têm a carga viral suprimida.

No final, o aumento da disponibilidade dos medicamentos resultou numa redução de 34% do número de mortes por doenças relacionadas com a Sida entre 2010 e 2017.

Sem "novos compromissos significativos" de financiamento

No caso da África Austral e Oriental, onde vivem 53% das pessoas com o VIH em todo o mundo, a diminuição da mortalidade nesse período foi de 42% e a das novas infecções de 30%.

No Médio Oriente, norte da África, Europa Oriental e Ásia Central, o número de novas infecções quase duplicou desde 2000, devido às deficiências dos programas de prevenção primária.

As deficiências dos programas explicam porque o número de novas infecções diminuiu desde 2010 em apenas 18%, longe dos 75%, a meta para 2020 fixada há dois anos pela Assembleia Geral da ONU. Na altura, esperava-se que a pandemia deixasse de ser uma ameaça para a saúde até 2030.

Já os fundos internacionais disponíveis para dar combater a infecção cresceram 8%, no ano passado, totalizando 20,6 milhões de dólares. No entanto, a ONUSIDA alerta para o facto de que em 2017 "não houve novos compromissos significativos" por parte dos doadores, temendo-se até que diminuam.

No relatório, a entidade ainda refere que os grupos chave – que representam quase metade das novas infecções no mundo e 97% das novas infecções na Europa Oriental e Ásia Central – não estão a ser suficientemente considerados nos programas de combate ao VIH. Refere-se, entre outros, aos homens que mantêm relações homossexuais (a probabilidade de contrair o VIH é 28 vezes maior que a dos homens com relacionamentos heterossexuais), aqueles que consomem medicamentos injectados (22 vezes mais risco) ou trabalhadores do sexo (13 vezes mais).

Desde o início da epidemia, os especialistas desta agência estimam que 77,3 milhões de pessoas contraíram a infecção e 35,4 milhões morreram de doenças relacionadas a Sida.

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