O bilionário bully

Uma das coisas que o bilionário não percebe também não é percebida por Trump. É isto: fica mal aos ricos e poderosos atacar publicamente quem não é.

Não gosta que se diga que ele é bilionário. Mas é. É um multibilionário malcriado que chamou pedófilo ao mergulhador Vern Unsworth por este ter gozado com o inútil submarino que o bilionário mandou para a gruta onde estavam presos os miúdos tailandeses.

Unsworth respondeu que dá para ver o tipo de pessoa que o bilionário é. E dá mesmo. O bilionário achou suspeito que um estrangeiro viva na Tailândia. Deveria ler o excelente Bangkok Days, de Lawrence Osborne, que viveu lá vários anos. Se é que o bilionário tem tempo para ler. Ou vontade. Ou colaboradores para ler livros e resumi-los.

O bilionário depois apagou o tweet em que chama pedófilo ao mergulhador. Para que deixasse de existir? Para ninguém reparar? Para deixar de haver provas? Para poder dizer em tribunal que se arrependeu e apagou a ofensa? Sim, porque é mesmo assim que o Twitter e o sistema legal funcionam, não é?

Uma das coisas que o bilionário não percebe também não é percebida por Trump. É isto: fica mal aos ricos e poderosos atacar publicamente quem não é. Em contrapartida, os que não são ricos nem poderosos podem atacar à vontade os ricos e poderosos. Faz parte da vida desde que começaram as grandes desigualdades. É uma das consolações de ser pobre. E é uma das maçadas de ser poderoso.

Para além disso, os ricos e poderosos têm meios para se defender. Só não se podem defender da própria reputação. A reputação do bilionário, por exemplo, nunca esteve tão baixa como agora.

Estou a falar da reputação dele como ser humano.

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